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Para que não seja esquecido
Sabe aquela história que chega de mansinho, como quem não quer nada, e ganha totalmente seu coração? Pois é sobre um livro assim que vamos conversar hoje… Para que não seja esquecido é um livro escrito a quatro mãos. Peter Anton, um austríaco radicado no Brasil desde 1954, resolveu contar sua história de vida e escolheu Kelly Oliveira Barbosa para escrevê-la. Entre 2017 e 2018, Kelly se dedicou a registrar a narração oral de Peter e, se valendo de fotos e documentos, construiu o texto belíssimo que encontraremos nesse pequeno volume de pouco mais de 150 páginas, mas que reverbera em nós por muito tempo. Mas o que tem de…
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O Grande Mentecapto
Aos 23 anos, Fernando Sabino começou a escrever uma história sobre as andanças de um indivíduo, mas acabou deixando pra lá ao se envolver com outros projetos. Passados 33 anos, ele resolveu retomar a escrita da obra e a finalizou em apenas 17 dias. Assim nasceu O Grande Mentecapto, em 1979, apresentando aos leitores o icônico Viramundo e fazendo uma bela homenagem à Minas Gerais. A narrativa, que se trata de um romance de formação, começa com Geraldo Boaventura ainda menino, nascido em Rio Acima, filho de um português com uma italiana, caçula de 13 irmãos. Ele não era uma criança popular, mas uma travessura – muito perigosa – faz…
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O Oitavo Anão
Pare tudo o que você está fazendo e escute essa história… Branca de Neve é uma megera. Sim, aquela moça delicada e bondosa que a Disney nos apresentou não é bem verdade. E tem mais: não eram sete anões, mas sim oito, só que a princesa gostava mais do número ímpar e por isso o oitavo anão foi banido, indo viver numa floresta encantada onde os animais não respeitam a cadeia alimentar e, ainda por cima, falam. Essa é a história que Alessandra Rubim nos apresenta em seu promissor primeiro romance infantojuvenil. Além de uma escrita fluida e eficaz, o reconto de Branca de Neve apresenta um texto criativo, engraçado…
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Vida Incerta em Linhas Tortas
O primeiro romance publicado de Jeferson Leandro Milani é a prova de que a literatura contemporânea brasileira conta com enormes talentos a serem descobertos. A obra mostra todo o esmero de alguém que demorou 13 anos lapidando a história de um homem que sequer nome tem, mas que influencia a vida de várias outras pessoas aparentemente “mais relevantes” que ele. Logo no início somos apresentados ao “anônimo”, o tal personagem desimportante (será?), que desde criança vive uma existência miserável. Quando uma tragédia acontece ele é completamente isolado do mundo, o que leva o autor a traçar um interessante paralelo com o “bom selvagem” de Rousseau. E já aí o leitor…
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Bellefort
Victor Marques é um autor brasileiro que lançou recentemente seu primeiro romance. Bellefort, como o próprio autor afirma logo no início de sua história, vai investigar a natureza humana ao mesmo tempo em que presta uma homenagem a uma de suas grandes inspirações: Agatha Christie. Através de uma narrativa não linear, o leitor acompanha a rivalidade entre duas atrizes totalmente diferentes entre si, exceto pelo fato de serem irmãs. Betty Bellefort é uma veterana que não passa por um bom momento profissional. Joan Bellefort é uma jovem atriz com uma carreira promissora pela frente. A escolha pela forma com que ambas são apresentadas foi extremamente inteligente pois deixa claro que…
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Esaú e Jacó
O penúltimo romance de Machado de Assis, Esaú e Jacó, foi publicado em 1904, quatro anos antes da morte do autor. A narrativa acompanha as divergências entre dois irmãos gêmeos destinados a brigar desde o ventre da mãe, Natividade, conforme previu uma “adivinha”. E tudo leva a crer que aquela previsão estava correta, a começar pelos nomes escolhidos para as crianças: Pedro e Paulo, os dois apóstolos que protagonizaram um dos episódios mais emblemáticos da Bíblia, quando Paulo se opõe a Pedro, o repreendendo por uma conduta dissimulada. Foi a partir de outra referência bíblica que Machado teve a inspiração para seu romance. Esaú e Jacó eram filhos de Isaque e…
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Sal
Você, com certeza, já ouviu falar de A Casa das Sete Mulheres. Pode não ter assistido a minissérie adaptada ou lido a obra original, mas já ouviu falar da história. Ela foi escrita pela porto-alegrense Letícia Wierzchowski, que tem muitos outros romances em seu currículo, incluindo Sal, que pode ser descrito como a história de uma família. Essa família vive numa ilha ficcional na América do Sul, mais precisamente no litoral do Uruguai, e cuida de um farol há várias gerações. Segundo a própria autora, é uma história sobre chegadas e partidas, narrada por vários personagens e de uma maneira extremamente bela, poética e delicada. Ivan e Cecília enfrentaram inúmeras…