Resenhas

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    Bellefort

    Victor Marques é um autor brasileiro que lançou recentemente seu primeiro romance. Bellefort, como o próprio autor afirma logo no início de sua história, vai investigar a natureza humana ao mesmo tempo em que presta uma homenagem a uma de suas grandes inspirações: Agatha Christie. Através de uma narrativa não linear, o leitor acompanha a rivalidade entre duas atrizes totalmente diferentes entre si, exceto pelo fato de serem irmãs. Betty Bellefort é uma veterana que não passa por um bom momento profissional. Joan Bellefort é uma jovem atriz com uma carreira promissora pela frente. A escolha pela forma com que ambas são apresentadas foi extremamente inteligente pois deixa claro que…

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    A Abadia de Northanger

    Apesar de ter sido uma das primeiras obras escrita por Jane Austen, A Abadia de Northanger só foi publicada em dezembro de 1817, cinco meses após a morte da autora. Isso, de certa forma, justifica a diferença considerável entre essa narrativa e as dos outros romances da inglesa. O cenário escolhido para a história é Bath, um balneário inglês para onde a protagonista, Catherine Morland, viaja com um casal de amigos. A mocinha desse romance é descrita como uma jovem de aparência normal – nem muito feia, nem muito bela -, membro de uma família que podemos considerar de classe média e que logo mostra seu interesse pela leitura, sobretudo…

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    Os Románov (Simon Sebag Montefiore) – 300 anos de história e o final trágico da dinastia

    Desde sua publicação, em 2016, a obra que compila a trajetória dos famosos Románov, escrita por Simon Sebag Montefiore, está no meu radar. Mas foi apenas agora, em 2019, que tive a oportunidade de ler as quase mil páginas que abarcam mais de 300 anos da história da Rússia. Não há que se falar em Rússia sem falar nos Románov, sobretudo tendo em vista que a dinastia, que teve no frágil Miguel seu primeiro tsar, transformou o país culturalmente e territorialmente ao longo dos séculos em que esteve no poder. Nomes como Pedro, o Grande ou Catarina, a Grande são reconhecidos no mundo todo. Enquanto Pedro foi o maior responsável…

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    Emma

    Quando Jane Austen escreveu Emma, tinha em mente construir uma protagonista a qual apenas ela gostasse. Infelizmente – ou felizmente -, preciso dizer que a inglesa falhou miseravelmente nessa missão pois muitos leitores mundo afora simpatizam com a garota bonita, inteligente e rica que protagoniza e empresta seu nome à essa história, e eu sou uma dessas pessoas. A obra é uma comédia de costumes publicada em 1815 e, assim como as outras obras da autora, foca na sociedade provinciana do período georgiano. Esse é, inclusive, um equivoco comum quando falamos em Jane Austen e aqui vale abrir um parênteses para esclarecer que Jane Austen fez parte da Era Georgiana,…

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    A Princesa Prometida

    Um livro tão divertido quanto a adaptação que o celebrizou. Acho que essa é a melhor forma de começar uma resenha sobre A Princesa Prometida livro que William Goldman escreveu mas finge que não. Explico: logo na introdução da obra, antes mesmo de começar a narrar a história de Buttercup e Westley, Goldman faz um adendo para contar como ele supostamente conheceu o livro que teria sido escrito por um tal de S. Morgenstern. Durante toda a narrativa Goldman faz interferências na história de Morgenstern para explicar porque ele cortou essa ou aquela parte, o que dá um tom divertido de bate-papo à obra, e o leitor fica em dúvida…

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    A Casa das Belas Adormecidas

    Yasunari Kawabata, laureado com o Prêmio Nobel de 1968, é um dos maiores representantes da literatura japonesa do século XX. Em A Casa das Belas Adormecidas, publicado pela primeira vez em 1961, o autor apresenta uma narrativa sensorial e inquietante, onde senhores de idade avançada – e normalmente impotentes sexualmente – pagam para passar a noite com garotas adormecidas e completamente nuas. O protagonista da história de Kawabata é Eguchi, um homem de 67 anos que vai à peculiar hospedaria apenas por curiosidade, segundo o próprio. Apesar disso, no decorrer da obra o leitor começa a perceber o real caráter do protagonista, o que torna fácil concluir que Eguchi é…

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    Geek Love

    Logo no início da belíssima edição da Darkside, Katherine Dunn sente a necessidade de explicar a aplicação do termo “geek” em sua obra, já que hoje o utilizamos com um sentido totalmente diferente. Em 1989, quando o livro foi publicado, tal palavra era usada para “descrever um defeito de personalidade ou uma deficiência social”, mas Katherine a coloca, de fato, como a imitação onomatopeica do derradeiro som que a galinha faz quando seu pescoço é partido a mordidas num freak show. Assim, temos um prelúdio do que virá a seguir no texto: um apanhado de fatos e personagens bizarros, numa narrativa transgressiva e bastante incômoda em inúmeras partes. Crystal Lil…