Pós-Modernismo (literatura contemporânea)
No artigo anterior do Literatura Descomplicada vimos as 3 fases do Modernismo, que ocorreu após a semana de 22. Por volta dos anos 50, a literatura brasileira inicia um período de experimentalismo, de junção de ideias, e é essa fase que consideramos como Pós-Modernismo.
Atente-se para fato de que essa não é uma escola literária propriamente dita, apenas utilizamos esse termo para fins de estudo, já que agora veremos o que vem acontecendo em nossa literatura até os dias atuais. Por isso, podemos considerar que a literatura pós-moderna é a chamada literatura contemporânea.
Nesse período, onde o mundo estava sob a ameaça da Guerra Fria, o Brasil viveu tempos de instabilidade política e passou por mudanças estruturais consideráveis, como a mudança da capital do Rio de Janeiro para Brasília. Também era tempo de avanços na tecnologia, expansão da indústria e dos meios de comunicação. A sociedade passou a sentir mais o processo de globalização e as desigualdades sociais chamavam cada vez mais atenção.
Tudo isso influenciou a produção literária desde aquela época, a qual se apoia no cotidiano, em sua maioria. Os autores passam a fazer uma autorreflexão em suas narrativas, as quais também demonstram uma radicalização de posições ideológicas.
Como é uma combinação de várias tendências, o Pós-Modernismo não atende a regras rígidas, prevalecendo o estilo de cada autor. Apesar disso, algumas características podem, sim, ser observadas: o uso da ironia, a valorização do pluralismo, o individualismo, o hedonismo e o niilismo são as mais importantes.
A arte em geral passou a ser mais eclética e se aproximou da cultura popular, mostrando uma realidade ambígua e multiforme.
Desde o que podemos chamar de Pós-Modernismo até os dias atuais, surgiram movimentos vanguardistas na poesia que valem ser mencionados:
- Concretismo: surgiu oficialmente em 1956, com a Exposição Nacional da Arte Concreta em São Paulo. Apresenta uma nova forma de escrita, valorizando o aspecto gráfico das palavras. A poesia concreta entende os versos sob a ótica verbal, sonora e visual.
- Neoconcretismo: também chamada de Poesia Social, se preocupa com o entendimento do leitor, representando assim um retorno à forma mais tradicional de se fazer poesia. Traz assuntos sociais, políticos e econômicos.
- Poesia-Práxis: tem sua base no Concretismo e traz uma visão mais abrangente sobre os assuntos tratados. Valoriza a composição (palavras formando palavras).
- Poesia Marginal: era um tipo de poesia feita com uma crítica social, marcada por ironia, humor, sarcasmo e gírias.
- Poema Processo: propõe uma nova linguagem utilizando além das palavras, também fotografias, desenhos e colagens.
A prosa também apresenta essa multiplicidade de estilos, destacando-se entre os tipos de romance o regionalista, o intimista, o urbano/social, o político, o memorialista/autobiográfico e os romances experimentais. Também houve uma importante popularização dos contos e crônicas, narrativas mais rápidas e mais fáceis de serem consumidas.
Entre os autores pós-modernistas estão nomes extremamente conhecidos hoje como Ariano Suassuna (Auto da Compadecida), Adélia Prado (O Homem da Mão Seca), Nelson Rodrigues (A vida como ela é…), Hilda Hilst (Tu não te moves de ti), Paulo Leminski (Toda Poesia), Lya Luft (Perdas e Ganhos), Caio Fernando Abreu (Morangos Mofados), Lygia Fagundes Telles (As Meninas), entre muitos outros. Nomes consagrados no Modernismo como Carlos Drummond de Andrade e Clarice Lispector, por exemplo, permaneceram produzindo uma literatura bastante relevante.
Considerado por muitos como um tempo de decadência e por tantos outros como um renascimento cultural, o Pós-Modernismo finaliza nossa série de estudos sobre a literatura brasileira. É óbvio que nossa produção literária está em constante transformação, diretamente influenciada pelas mudanças políticas e sociais que vivemos, portanto é necessário estarmos sempre atentos e nos atualizando sobre novas correntes e tendências de escrita.
A literatura contemporânea é tão importante quanto os grandes clássicos e também deve ser celebrada. Todas as escolas e, sobretudo, todos os autores que fazem parte de nossa história, ajudaram a desenhar o Brasil como ele é hoje. Portanto, para finalizar esse projeto tão especial, eu peço: valorize a literatura brasileira.
Veja todos os posts do projeto Literatura Descomplicada:
1. Uma questão de gênero
2. As escolas literárias
3. Quinhentismo
4. Barroco
5. Arcadismo
6. Romantismo
7. Realismo
8. Naturalismo
9. Parnasianismo
10. Simbolismo
11. Pré-Modernismo
12. Modernismo
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7 Comentários
Isabel Fernanda Romero
Oiii Michelly.
Conheci sua página hoje e me apaixonei. Sou professora responsável pela Sala de Leitura da escola onde leciono. Li todas as suas postagens da Literatura Descomplicada porque eu quero fazer um projeto para ajudar meus alunos a entender as Escolas Literárias. Com certeza, lendo suas postagens, já veio várias ideias em mente para trabalhar, estou podendo relembrar com clareza tudo o que eu aprendi. Continue postando. Meus alunos e eu agradecemos demais.
Michelly Santos
Isabel, você não imagina o quanto esse seu comentário me fez feliz. Muito obrigada! Espero que você e seus alunos possam tirar só coisas boas daqui!
Emerson
Parabéns por descomplicar a literatura para a gente. Acredito que acompanhei grande parte desse estudo e adorei a forma que abordou.
Bom fim de semana!
Jovem Jornalista
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Até mais, Emerson Garcia
Monique
Muito legal o post e super completo. Adoro essa época e como você falou, é muito importante. A literatura que apreciamos hoje 🙂
Michelly Santos
Fico feliz que você tenha gostado, Monique!
Realmente, é a literatura mais próxima de nós, às vezes até temos a oportunidade de conhecer dos autores pessoalmente, o que é incrível! 🙂
Beijos!
Ana Lícia Morais
Olá!
Eu particularmente amo o Modernismo no geral. Não sei, me identifico demais. É muita informação, muita crítica, muita coisa boa que só enche o meu coraçãozinho. Gosto bastante do concretismo, fico analisando por minutos tentando encontrar uma lógica, confesso haha Adoro Paulo Leminski, moro em Curitiba e de certa forma me sinto acolhida porque ele era de lá também hahah Quero muito ler Hilda Hilst!
Beijos!
Michelly Santos
Oi Ana!
Eu costumo gostar mais da escrita tradicional mas confesso que algumas inovações chamam bastante minha atenção, como o surrealismo dos poemas de Lewis Carrol, por exemplo, que me lembra muito nosso concretismo!
Nunca li Leminski, acredita?! :/
Adoro sua cidade! Morei no Paraná por quase dois anos e sinto muita saudade daí!
Beijos!