Literatura descomplicada

Fluxo de consciência, monólogo interior, escrita automática e discurso indireto livre

Você já ouviu falar em alguma dessas técnicas literárias aí do título? Provavelmente sim, e como sei que o tal do fluxo de consciência provoca muita confusão entre os leitores, vamos falar sobre ele e sobre outros conceitos que podem se confundir entre si.

Mas antes de começarmos, como sempre falo por aqui, é necessário que você saiba que a literatura não é uma ciência exata, portanto todos esses conceitos são flexíveis e para fins de estudo, ok?!

Monólogo interior

Monólogo é o texto que representa a fala de apenas uma pessoa. Quando essa pessoa organiza suas ideias a fim de transformá-las num texto ou fala compreensíveis, chamamos de solilóquio. Já quando não existe essa organização antes da exposição das ideias, chamamos de monólogo interior. Nesse caso, soa como uma pessoa conversando consigo mesma, num discurso não pronunciado onde teremos o personagem fazendo uma confissão emocionada, ou tentando tomar uma decisão importante, ou refletindo ou até mesmo discutindo consigo mesmo.

O monólogo interior pode ocorrer tanto com a intervenção do escritor, quando encontraremos construções como “pensava ela” ou “dizia a si mesmo”, quanto livre dessa intervenção. No primeiro caso teremos, então, um monólogo interior indireto e no segundo caso um monólogo interior direto.

Fluxo de consciência

O próprio nome já diz que se trata de um fluxo de tudo aquilo que está no consciente do personagem. Preste atenção: no consciente e não no subconsciente. Essa técnica vai misturar raciocínio lógico com impressões momentâneas e associações entre ideias que passarem pela cabeça do narrador, tudo isso de forma desorganizada, fluindo como o fluxo de um rio, ao contrário do que ocorre no monólogo interior que, como vimos, pressupõe uma organização mínima.

Enquanto técnica narrativa, podemos até dizer que o fluxo de consciência é um aprofundamento do monólogo interior. Outro ponto importante é que ele pode ser apresentado em 1ª ou 3ª pessoa.

Escrita automática

Enquanto o monólogo interior e o fluxo de consciência trabalham o consciente, a escrita automática tenta trabalhar o inconsciente. Essa técnica teve origem na psicanálise e não tem a intenção de contar uma história com início, meio e fim. Ela está ligada ao surrealismo, pressupondo uma escrita veloz, feita em estado de transe ou de relaxamento total, de forma a possibilitar que o inconsciente se manifeste.

Os defensores desse estilo de escrita garantem que, ao concluir a escrita automática, o escritor não se lembrará do conteúdo de seu próprio texto. Por isso, não é raro encontrarmos a escrita automática ligada à psicografia.

Discurso indireto livre

Já o discurso indireto livre é uma técnica onde narrador e personagens podem se confundir, já que teremos um narrador onisciente que passa de seus próprios comentários para falas e pensamentos dos personagens sem aviso prévio. Ou seja, o leitor acaba não sabendo o que diz respeito ao narrador e o que se refere aos personagens.

Você pode perceber que esse estilo é muito parecido com o monólogo interior indireto, mas a diferença é que nele o narrador intervém  claramente no texto com frases como ” ela pensou”, enquanto que no discurso indireto livre narrador e personagens se fundem sem que o leitor, necessariamente, perceba.

Agora que você chegou até aqui, saiba que a linha que separa cada um desses conceitos é muito tênue, portanto não custa repetir que todos esses conceitos servem para nos situar dentro da teoria literária. Vou deixar a seguir o vídeo que fiz lá pro canal com o mesmo tema, sejam todos muito bem-vindos por lá também!

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