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Um Nobel para Ishiguro

No último dia 5, quinta-feira, Kazuo Ishiguro foi laureado com o Nobel de Literatura de 2017. Em nota oficial, a Academia Sueca justificou a escolha com o fato de que o autor, “em seus romances de grande força emocional, revelou o abismo sob nossa sensação ilusória de conexão com o mundo”.
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O Prêmio Nobel surgiu como um tipo de “último desejo” do químico e inventor sueco, Alfred Nobel, que faleceu em 1896 deixando em seu testamento uma orientação para que fosse criada uma fundação com o fim de premiar anualmente aqueles que tivessem feito algo de relevante para o desenvolvimento da humanidade. Assim, desde 1901 são premiadas as áreas da literatura, química, física, medicina e paz mundial. A partir de 1969 surgiu também o prêmio de economia, contudo este não é pago pela Fundação Nobel.
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Mas vamos nos ater ao Nobel de Literatura, que é o foco aqui.
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Ishiguro nasceu no Japão, mas logo em seus primeiros anos emigrou para a Inglaterra, onde vive até hoje. O autor de 62 anos, que escreve em língua inglesa, tem 5 obras lançadas no Brasil, todas pela Companhia das Letras: o livro de contos Noturnos (2010) e os romances Os Vestígios do Dia (1989), Quando Éramos Órfãos (2000), Não me Abandone Jamais (2005) e O Gigante Enterrado (2015). Seu primeiro romance, Uma Pálida Visão dos Montes (1982), também foi lançado no Brasil pela editora Rocco, mas atualmente não encontra-se disponível.
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O vencedor do Nobel desse ano também assinou os roteiros das produções cinematográficas Vestígios do Dia (1993) e A Condessa Branca (2005).
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Em entrevista à BBC, Ishiguro declarou: “o mundo está em um momento muito incerto, e eu gostaria que o Prêmio Nobel desse impulso a algo positivo no planeta neste momento. Ficaria profundamente emocionado se eu, pudesse, de alguma forma, contribuir em algum nível com uma atmosfera positiva nestes tempos de incerteza”.
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Pra quem se interessar, deixo abaixo algumas informações sobre os livros do autor que estão disponíveis no Brasil:

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Noturnos (2010) reúne 5 contos que discorrem sobre amantes da música de lugares como Veneza, Londres e EUA. Partindo da história de uma lenda da música que não desfruta mais do mesmo prestígio, a coletânea também conta as histórias de um casal prestes a se separar quando recebe a vista de um velho amigo, de um músico que se refugia nas colinas britânicas enquanto não alcança o sucesso, de um talentoso saxofonista que opta por fazer uma plástica para alavancar sua carreira e de um violoncelista que se envolve com sua orientadora. 216 páginas.

 

Os Vestígios do Dia (1989) traz um relato conduzido por Stevens sobre seus 30 anos de dedicação como mordomo da casa de um nobre britânico, hoje ocupada por um milionário americano. Durante a narrativa, Stevens propões reflexões sobre questões sociais e políticas, além de relembrar um antigo amor reprimido. A obra, grande vencedora do Booker Prize de 1989, foi adaptada para o cinema sob a direção de James Ivory, trazendo no elenco nomes de peso como Anthony Hopkins e Emma Thompson. 288 páginas.

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Quando Éramos Órfãos (2000), ambientado entre Londres e Xangai no período entreguerras, acompanha o detetive Christopher Banks no dilema que o atormenta desde os 9 anos de idade: o desaparecimento de seus pais. Ao retornar para sua terra natal, Banks empreende uma busca por respostas que se confunde com uma reflexão sobre os descaminhos da memória. Quando Éramos Órfãos é uma história de recordações que promete nos intrigar ao discorrer sobre a necessidade de regressar às nossas origens. 400 páginas.

 

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Não me Abandone Jamais (2005) insere o leitor num universo de ficção científica onde conhecemos as agruras de três clones humanos criados com o objetivo de doar seus órgãos. Através das lembranças de Kathy, somos levamos ao internato Hailsham, cuja finalidade é receber clones que são meras peças de reposição. Tendo por base um triângulo amoroso, o autor fala sobre perdas, desilusões e solidão. A obra rendeu a Ishiguro uma indicação ao Man Booker Prize de 2005 e foi adaptada para o cinema por Mark Romanek. 344 páginas.

 

O Gigante Enterrado (2015) pode ser visto como a grande prova da capacidade do autor de se reinventar. Lançado depois de dez anos, o romance se divide entre a literatura fantástica e o lirismo, tratando de temas como o amor, a guerra e a memória. Numa terra amaldiçoada por uma misteriosa névoa do esquecimento, o casal Axl e Beatrice partem em busca de seu filho, percorrendo então um caminho que os colocará diante de lembranças dolorosas e exigirá provas do amor que um sente pelo outro. 396 páginas.

 

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