Literatura descomplicada

Romance histórico, de época e de costumes, qual a diferença?

Categorizar um livro é um trabalho árduo, tanto porque dificilmente uma obra irá se encaixar apenas em uma categoria. Mas, para fins de estudo, temos na literatura os gêneros, subgêneros, estilos de narrativa e muitas outras formas de definirmos a identidade de uma história.

Uma confusão muito comum entre os leitores é a diferenciação entre três tipos bastante parecidos: o romance histórico, o romance de época e o romance de costumes. Pois nesse artigo tentaremos esclarecer essa dúvida de uma forma bem simples!

Romance histórico

Como o próprio nome já diz, o romance histórico vai utilizar eventos históricos na construção de sua narrativa. Nesse caso, os personagens serão inseridos em um local e tempo em que está ocorrendo um determinado fato que foi importante para a humanidade. Revolução Industrial, Revolução Russa, Revolução Francesa, As Grandes Guerras Mundiais, Guerra de Canudos, Guerra dos Farrapos e Inconfidência Mineira são apenas alguns exemplos de eventos que já serviram de pano de fundo para algumas narrativas.

Esse romance se divide entre dois planos: um é o da experiência individual do personagem, o outro acompanhará o desenvolvimento histórico da sociedade. Eles irão caminhar juntos, o que significa que, enquanto a ação da história se desenvolve, ela gera consequências na vida tanto dos personagens quanto da sociedade.

Em sua maioria, esses personagens são fictícios, mas é comum que os autores introduzam, ou pelo menos citem, um personagem real, como Napoleão em Os Miseráveis e Joana D’Arc em A Senhora das Águas. Outros exemplos de romances históricos são O Tempo e o Vento, de Erico Verissimo; Outlander, da Diana Gabaldon; Os Três Mosqueteiros, do Alexandre Dumas; e Guerra e Paz, do Tolstói.

Apesar de ser possível encontrar, em alguns lugares, que os romances históricos só podem ser ambientados até 1950, essa informação não procede. É só pensarmos que a História está acontecendo a todo momento, portanto não há motivos para fixarmos nenhuma data nesse caso.

Romance de época

Diferente do romance histórico, o romance de época não tem obrigação com fatos históricos, mesmo sendo ambientado no passado. Na verdade, ele busca retratar o cotidiano e o estilo de vida de uma determinada época, mas não é voltado aos eventos que ajudaram a moldar essa sociedade, e sim, na interação entre os personagens.

O grande charme dessas histórias é observar essa interação a partir dos costumes daquela época em que a trama se passa.

Outra grande diferença é que o romance de época foca nas histórias de amor entre casais, enquanto que no romance histórico, não necessariamente esse será o foco.

Aqui vale frisar que o termo “romance” na literatura não significa especificamente história de amor. Já falamos sobre isso em um artigo em que esclarecemos os conceitos de conto, crônica, novela e romance, se você perdeu, vai lá dar uma olhada!

Como exemplos de obras populares nesse subgênero, temos O Duque e Eu, da Julia Quinn; Romance com o Duque, de Tessa Dare; e Desejo à meia-noie, da Lisa Keyplas.

Romance de costumes

Também chamado de romance urbano, o romance de costume é o que causa as maiores dúvidas entre os leitores já que se confunde tanto com o romance histórico como com o romance de época. Mas, ao contrário dos romances históricos, eles não são construídos com base em um evento histórico; e diferentemente dos romances de época, eles retratam a época em que foram escritos.

Portanto, obras como Orgulho e Preconceito, de Jane Austen, e Shirley de Charlotte Brontë, são romances de costumes.

Observe que mesmo se passando durante a Revolução Industrial – ou seja, um evento histórico -, Shirley não se ampara nesse evento, ele apenas faz parte da ambientação da narrativa. Já Orgulho e Preconceito foca na interação entre os personagens dentro dos costumes de uma determinada época, contudo, ele foi escrito por alguém que viveu naquele tempo (Jane Austen) e não por alguém de uma época falando de outra.

Mais uma diferença importante, embora discreta, reside no fato de que é comum que o romance de costumes foque em uma história de amor, mas isso não é uma regra, diferente dos romances de época, onde o foco é exatamente a história de amor.

Além das obras já citadas de Jane Austen e Charlotte Brontë, são exemplos de romances de costumes ou romances urbanos, Senhora, de José de Alencar; Norte e Sul, da Elizabeth Gaskell; e Ressurreição, de Machado de Assis.

Espero que esse artigo tenha esclarecido a diferença entre os três subgêneros, mas qualquer dúvida que tenha ficado, é só deixar nos comentários!

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