Drácula
Clássico do horror, Drácula foi escrito por Bram Stoker no século XIX. Mas antes de escrever a história original, o autor se dedicou a pesquisar o folclore da Europa e os mitos sobre o ser que seria o protagonista de sua história, o vampiro. Em 1889 ele começa, de fato, a escrever o clássico, que fica pronto e é publicado em 26 de maio de 1897.
Utilizando uma técnica muito popular na década de 1860, Stoker lança mão de cartas e relatos, por meio dos diários dos personagens, para contar sua história. Chamada de “sensacionalismo” e representando uma das formas da ficção gótica, essa técnica tem o objetivo de convencer o leitor da veracidade dos fatos, visto que tudo é contado através de documentos supostamente confiáveis. Além disso, ela favorece o suspense, visto que os personagens responsáveis pelos relatos não possuem pleno conhecimento dos acontecimentos, fazendo com que as descobertas aconteçam aos poucos também para o leitor. Stoker não foi o único a usar tal artifício, mas com certeza é um dos mais bem sucedidos nessa empreitada.
Começamos a história acompanhando Jonathan Harker, um advogado que vai à Transilvânia auxiliar um certo conde na aquisição de uma propriedade em Londres. E esse conde, como tenho certeza que você já pensou aí, é o conde Drácula.
Drácula pode ser considerado como a representação humana do mal. O tom sombrio que irá nos acompanhar durante toda a obra já está presente logo nas primeiras páginas. Todos a quem Jonathan revela quem está indo encontrar reage de forma estranha, inclusive o presenteando com crucifixos e coisas do tipo. Mesmo assim, o advogado segue seu caminho e junto dele, conhecemos o personagem título dessa história.
Todavia, a narrativa não fica focada nesses dois personagens o tempo todo. Inclusive, depois de alguns capítulos o conde Drácula sai de cena e passa a exercer sua influência na história de uma forma mais abstrata. A partir daí, passamos a acompanhar a vida de outras pessoas: Mina Murray, que é noiva de Jonathan; Lucy Westenra, amiga de Mina; Arthur Holmwood, Quincey Morris e John Seward, todos pretendentes de Lucy; e o famoso dr. Van Helsing, um médico que vai cuidar de personagens que começam a apresentar sintomas estranhos, como palidez extrema, por exemplo.
O texto de Stoker é, concomitantemente, aterrorizante e lírico. Os quatro primeiros capítulos, quando vemos Drácula em ação, possuem os trechos mais emblemáticos da obra. É ali que descobrimos mais sobre o vampiro: sua força, seus costumes, suas mulheres. Só as intenções do cruel personagem é que ficam obscuras, o que traz o principal elemento de terror da história: o fato de os personagens estarem à mercê de uma criatura maléfica e totalmente desprovida de humanidade.
O livro, no geral, traz elementos característicos da literatura gótica, como a descrição de viagens, a ambientação em castelos e cemitérios, e o uso da psicologia do terror. Além disso, a narrativa promove um curioso confronto entre ciência e sobrenatural. Não raro, houve uma tentativa de explicar a figura mítica do vampiro através de elementos científicos da época.
Li a edição comentada da Zahar e fiquei satisfeita com o resultado final. Além do belíssimo trabalho com a capa e detalhes do livro, a tradução feita por Alexandre Barbosa de Souza é confiável e, ao que me parece, manteve o tom pretendido por Bram Stoker. O tradutor também é o responsável por fazer a Apresentação, onde fala sobre autor e obra. No final do livro, uma cronologia nos coloca a par do caminho trilhado por Stoker durante sua vida.
Tirei um pontinho (dei nota 4) apenas porque gostaria que o desfecho fosse um pouco mais trabalhado, que os objetivos fossem mais difíceis de serem atingidos. Mas isso é só uma questão baseada no meu gosto pessoal enquanto leitora. Não é absolutamente nada que desabone a obra magnífica que Stoker deixou para a eternidade e que acredito que todos deveriam conhecer.
6 Comentários
Michelly Santos
Oi Fiacha!
Também é dos meus livros de vampiro preferidos! Ele e Sonho Febril, do George Martin. 🙂
O final foi bom, eu só esperava que o desenvolvimento dele fosse mais longo. Foi essa a sua impressão também?
Beijos!
Fiacha
Viva,
Dos melhores livros que li com a presença de Vampiros, muito bom mas tambem fiquei com a sensação que faltou ali um pouco mais 🙂
Bjs e boas leituras
Michelly Santos
Oi Sora!
A Zahar faz umas edições muito lindas, né?! É uma das editoras que mais capricham e o mais legal é que eles trazem títulos muito importantes com uma aparência incrível.
Leia Drácula sim, é um livraço! 😉
Beijos!
Michelly Santos
Oi Mi!
Tb acho muito legal a forma que Stoker escolheu para construir seu texto, é um recurso que realmente prende a atenção do leitor. Foi uma experiência incrível!
Beijos!
O Que Tem Na Nossa Estante
Oi Michelly tudo bem? Drácula é um dos emus livros preferidos, amo demais! A narração em forma de cartas, relatos, diários me chamou muita atenção. É uma obra rica pra gente reler várias vezes!
Bjs, Mi
O que tem na nossa estante
Sora Seishin
Oi Michelly!
Que linda essa edição da Zahar!
Eu nunca li Drácula mas preciso muito ler. Gostei da sua resenha!
Beijos,
Sora | Meu Jardim de Livros