Literatura descomplicada

Arcadismo

O Arcadismo, também chamado de Neoclassicismo, é o período que rompe com a opulência do Barroco e retoma a simplicidade do Classicismo, movimento literário que ocorreu em Portugal concomitantemente com o Quinhentismo no Brasil. Logo, a busca pela simplicidade passa a ser a principal característica da escola literária que passaremos a analisar a seguir.

Seu marco inicial foi em 1768, quando Cláudio Manuel da Costa publicou Obras Poéticas, num período de grandes mudanças sociais na Europa (Iluminismo, Revolução Francesa), nos EUA (Independência) e também aqui no Brasil, onde o Ciclo do Ouro deslocou o centro econômico da Bahia para Minas Gerais. Foi nesse período que ocorreu a Inconfidência Mineira e a expulsão dos Jesuítas através de uma ação orquestrada pelo Marquês de Pombal.
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Assim, todas essas transformações sociais acabaram por influenciar a produção literária da época, a qual recebeu o nome de Arcadismo inspirada em Arcadia, uma região campestre na Grécia onde a vida bucólica e tranquila era tudo o que os escritores daqui procuravam explorar em suas histórias.
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Além da busca pela simplicidade, que se dá inclusive na linguagem utilizada nos textos, também são importantes características dessa escola o bucolismo e o pastoralismo. Isso significa dizer que os autores do Arcadismo buscavam descrever uma vida agradável, racional e equilibrada, ambientada no campo e de exaltação à natureza. A retomada de aspectos greco-romanos mostram a intenção de imitar os clássicos, o que ocorre através do emprego de conceitos em latim como, por exemplo, “carpe diem”, “fugere urbem”, “locus amoenus” e “inutilia truncat”, que são os mais usados.
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A produção literária do Arcadismo é objetiva até no que diz respeito à representação do amor, que é galante, buscando elevar a mulher mas sem expressar emoções fortes. Em resumo, essa pode ser considerada a escola da harmonia.
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Outro fato relevante a ser mencionado no que diz respeito ao Arcadismo, é que pela primeira vez o ciclo literário brasileiro iria se fechar, o que não era possível nos períodos anteriores tendo em vista a falta de instrução dos habitantes do Brasil. Enquanto os índios não sabiam ler, os colonos que eram letrados estavam ocupados em se adaptar ao novo lar. Apenas com a expansão do ensino através da chegada de colégios e faculdades foi que surgiram os leitores em potencial, formando a tríade autor-obra-leitor.
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Também nesse período foi fundada a Arcadia Ultramarina, uma sociedade literária sediada na cidade mineira de Vila Rica, que é hoje Ouro Preto. Como a maioria de seus membros era parte do movimento de Inconfidência Mineira, eles usavam pseudônimos inspirados principalmente na mitologia grega e romana.
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Entre os autores podemos citar, na lírica, Tomás Antônio Gonzaga (Marília de Dirceu, Cartas Chilenas), Silva Alvarenga (Desertor das Letras, Glaura) e Alvarenga Peixoto (A Dona Bárbara Heliodora, A Lástima), além, é claro, do já mencionado Claudio Manuel da Costa (Obras Poéticas, Vila Rica). Na épica, foram expoentes dessa escola Frei Santa Rita Durão (Caramuru) e Basílio da Gama (O Uraguai). Esse último, inclusive, foi responsável pela primeira representação do índio na literatura brasileira.
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Caso você tenha ficado confuso com o emprego dos termos lírica e épica, veja esse post aqui.

Como vimos, o Arcadismo deu o primeiro passo na construção de uma literatura que  pretende exaltar as belezas naturais do Brasil, contudo, a próxima escola literária, o Romantismo, é quem reafirma isso de forma definitiva. Portanto, fiquem ligados no próximo post do projeto Literatura Descomplicada.

Veja também os posts anteriores do projeto Literatura Descomplicada:

1. Uma questão de gênero
2. As escolas literárias
3. Quinhentismo
4. Barroco

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