Dedo de prosa

A maior lição que os livros me ensinaram

Antes de criar o MSL, lá na minha adolescência, resolvi me aventurar em um outro nicho que não a literatura e percebi uma competitividade que não era saudável. As pessoas se xingavam, mandavam indiretas, tentavam destruir a reputação de quem não concordavam com as opiniões…

Percebi que aquele lugar não era para mim e, rapidamente, cai fora.

Anos depois senti a necessidade de conversar sobre minhas leituras com alguém, e como não havia ninguém no meu círculo de amizade que era tão apaixonado por literatura quanto eu, criei um blog nesse nicho.

Desde o início notei que essa era uma galera diferente. As pessoas se ajudavam, torciam uns pelos outros, não se ofendiam ou tentavam se prejudicar. E eu pensava: as pessoas dos livros são as melhores mesmo.

Durante muito tempo foi assim, até que, recentemente, notei uma ruptura nessa paz, nessa civilidade que permeava as relações entre leitores, o que tem me causado muita tristeza e desencadeou a reflexão que trago à você agora.

Quando entramos numa história, acabamos nos sentindo próximos dos personagens. Assim, acompanhando todos os seus passos, suas decisões, seus pecados e suas virtudes, percebemos que as escolhas que fazemos na vida são o reflexo de tudo aquilo a que somos expostos.

Não falo isso como uma forma de justificar o que as pessoas fazem colocando a culpa em alguém ou alguma circunstância, pelo contrário, acredito que cada um é responsável pelo caminho que toma. Mas nossas decisões são, sim, baseadas naquilo em que acreditamos e naquilo que aprendemos.

E cada um tem uma vivência diferente, as minhas experiências não são iguais às suas. Portanto, que direito eu tenho de te condenar por pensar diferente de mim? E que direito você tem de me condenar por pensar diferente de você? Nenhum.

Nós podemos discordar, é óbvio, mas se eu tento te humilhar ou te destruir porque nossas convicções são diferentes, isso fala muito sobre mim. E fala mal. Fala que, mesmo sendo uma leitora voraz, eu não aprendi nada com os livros. Não aprendi a maior lição que eles podem nos ensinar: empatia.

Empatia não é só uma palavra bonita, um termo da moda, mas significa se colocar no lugar do outro, e quem é leitor tem ainda mais oportunidades de treinar esse sentimento, justamente pelo fato de sermos testemunhas da vida de tantos personagens. As histórias dos livros muitas vezes se repetem na vida real, então vamos aprender com elas!

O que tantas indiretas nas redes sociais e nos canais literários ajuda na propagação da literatura? Na verdade, isso só atrapalha, só afasta as pessoas desse nicho que já é tão menosprezado.

Às vezes, porque convivemos virtualmente com muitos leitores, não temos a ideia realista do quão pequeno é esse grupo dentro da sociedade. Somos poucos mas temos o poder de conquistarmos outras pessoas que ainda não conhecem o prazer de ler, mas não faremos isso transformando esse meio em um lugar hostil, onde as pessoas têm medo de dar suas opiniões e serem achincalhadas ou menosprezadas.

Não gosta? Não segue, não assiste aos vídeos, não lê os artigos. Precisa tentar prejudicar?

No MSL tenho uma missão: espalhar o amor pela literatura, contaminando o maior número de pessoas que eu puder. Eu tenho minhas opiniões políticas e filosóficas mas desde já deixo claro que aqui, independente do que você pensa, você será respeitado.

Mesmo que discordemos, eu torço por você, eu nunca vou tentar te prejudicar. Porque é isso o que os livros me ensinaram e eu simplesmente não posso ignorar essa mensagem. Sejamos luz, sejamos dignos dos livros que tanto amamos.

8 Comentários

  • Larissa Zorzenone

    Oi Mi
    Adorei o seu texto, um belo de um tapa na cara. Eu fico vendo esses “leitores” espalhando discurso de ódio e me pergunto que tipo de livro ensina isso como algo bom. Enfim. concordo plenamente contigo: temos o direito de discordar, mas eu respeito a opinião de quem discorda de mim (a não ser que a pessoa não goste de Harry Potter, porque ai ela tá falhando na vida kkkkk)

    Vidas em Preto e Branco

  • Rosana Vinguenbah Ferreira

    Concordo com você! A Literatura é tão maravilhosa que emancipa, liberta! A Literatura deveria unir as pessoas, mesmo que os gostos literários sejam diferentes. A gente sabe que o gosto literário muda com o tempo de acordo com a maturidade de cada indivíduo! Por isso, as pessoas tem que entender que as redes sociais são importantes para diversos públicos. Jovens que lêem Young Adult podem se tornar leitores de clássicos no futuro. Todos possuem espaço e o mais importante é o incentivo a leitura! Parabéns pelo seu texto!

    • Michelly Santos

      Muito bom ter você por aqui, Rosana!
      A literatura tem muito potencial para unir pessoas, basta que as pessoas façam sua parte e sejam tolerantes sobre gostos literários e quaisquer outras crenças e escolhas!
      Como você disse, todos têm seu espaço!
      Beijo!

  • Kelly Oliveira

    Olá Michelly.

    Gostei da reflexão. Sem me alongar, é pelo que você disse no seu texto que eu prefiro consumir conteúdo desse nicho específico em blogs (textos). Vejo muita coisa que não acho saudável no Booktube e no Instagram, as duas plataformas que parecem mais promissoras atualmente, e que contam principalmente com o poder da “imagem”.

    Lendo suas linhas procurei lembrar das minhas próprias motivações e no meu caso, é mais o hobby e o desejo de escrever do que qualquer outra coisa.

    Enfim, quero que saiba: amor pela literatura é o que sempre encontrei em qualquer espaço virtual vinculado ao seu nome.

    Bj.
    http://cafeebonslivros.home.blog

    • Michelly Santos

      Muito, muito, muito obrigada, Kelly! Você até me emocionou com esse comentário! <3
      Também tenho restringido bastante os canais que sigo, mas ainda tem gente boa por aí!
      Beijão!

  • Rafael Lemos

    Adorei o texto, Michelly! Sim, acho que todos nós “sofremos” desse mal; de precisarmos procurar também leitores por outros meios pois as pessoas à nossa volta quase nunca ou nunca leem. E apesar de haver alguns aqui e ali que gostam de alfinetar ou diminuir certos gostos das outras e gêneros, acho que somos o nicho que mais respeita a opinião do próximo e se não concorda, levanta os pontos e os discute, ao invés de xingar a pessoa. Por isso, adoro esse nicho e espero que ele cresça e receba mais o devido valor. 💙

    • Michelly Santos

      Oii Rafa!
      Também acho que ainda somos o nicho que mais se respeita, só não podemos deixar que ninguém estrague essa paz, né?!
      Da minha parte, excluo totalmente da minha vida os influenciadores que se mostram intolerantes em qualquer aspecto. 🙂
      Beijos!

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