Sobre expectativas frustradas
Todo início de ano é a mesma coisa: fazemos planos, iniciamos projetos, e muitas vezes achamos que podemos abraçar o mundo de uma vez só e nos frustramos. Foi isso o que aconteceu comigo nesse início de 2019 com relação às minhas metas literárias.
Em 2018 não li tanto quanto gostaria, tendo sido esse o pior saldo dos últimos anos. Assim, decidi radicalizar fazendo uma meta bastante ambiciosa e comecei muito bem. Janeiro foi ótimo, além das expectativas. Fevereiro foi bom, mas ainda dava pra levar. Chegou março e as atividades diárias pesaram, fazendo com que minha meta de leitura fosse totalmente negligenciada.
E o pior de tudo, o que causou um impacto psicológico ainda maior em mim, foi o fato de que em março aconteceu a primeira maratona literária de carnaval aqui do blog, e eu não consegui ler nem 50 páginas das 700 que havia programado pra ler durante o feriado. No mês inteiro consegui terminar apenas dois livros, ambos com poucas páginas.
De repente, me peguei sentindo mal com isso, fazendo contas de quantas páginas eu teria que ler por dia para alcançar a meta que fiz lá no início do ano e percebi que seria um esforço desnecessário, afinal, é a quantidade que importa?
Não! E quando me fiz essa pergunta percebi claramente no que eu havia transformado a leitura em minha vida: numa corrida louca contra o tempo para cumprir uma meta irreal que fiz num momento em que eu estava empolgada com o ano que vinha chegando. Eu gosto de ano novo e sempre me empolgo, não me culpo por isso, mas uma hora a gente tem que cair na real, né?!
Pois bem, eu caí. Doeu perceber que meu discurso e minhas atitudes não estavam em sintonia, pois ao mesmo tempo que eu sempre defendi que é a qualidade que importa, estava feito louca correndo atrás de metas diárias de páginas.
Perceber minha hipocrisia valeu para que eu reconsiderasse o caminho que eu queria seguir. Definitivamente não quero disputar quem leu mais, não quero ser a pessoa que lê obrigatoriamente 15 livros por mês, tanto porque existem livros de todos os tipos, o que torna a leitura algo singular.
Tem obras que são mais fáceis, portanto mais rápidas de ler. Outras, por serem mais complexas, exigem um esforço maior e por isso demoram mais para serem finalizadas. Tem livros de 80 páginas e livro de mais de mil. E isso sem contar com a linguagem utilizada na narrativa, o tema da obra, a fluidez do texto… Enfim, são muitas as características que tornam a literatura algo impossível de comparar, seja com outros leitores, seja inclusive consigo mesmo.
Sinceramente, acredito que meu problema não foi nem me comparar com outros leitores. Claro que nós acabamos fazendo isso, até de forma inconsciente, mas o que me atrapalha é que sou exigente demais comigo. Quero sempre me superar, provar que posso mais e isso é bom até certo ponto porque se passa de um determinado limite pode causar ansiedade, desânimo e mais atrapalhar do que ajudar.
O problema é saber esse limite, e para isso só a prática trará respostas. O que quero deixar aqui como mensagem pra você é que nós somos seres passíveis de erros, às vezes queremos dar um passo maior que as pernas, às vezes nos frustramos e é importante saber aceitar esses momentos como uma forma de aprendizado.
Quando suas expectativas não forem alcançadas, não desista. Refaça seus planos, refaça sua metas, refaça sua rotina. Se refaça! O mais importante é sempre tentarmos, porque quem vai atrás daquilo que quer – seja uma simples meta de leitura ou até um sonho profissional – pode ter um caminho longo e árduo a percorrer, mas a recompensa vem e vale a pena, porque não se trata apenas de conseguir algo material, mas também de evoluir enquanto ser humano.
De qualquer forma, aquele meu plano inicial para a meta de leitura de 2019 não foi em vão, já que a frustração sobre ele me fez refletir tudo isso e muito mais. Se for isso o que chamam de “fazer do limão uma limonada”, a minha tá prontinha aqui. E se eu tiver que me refazer mais uma fez, assim farei.
E você, já se livrou de alguma frustração hoje?
3 Comentários
Emerson
Muito interessante a forma que lidou com a frustração. Não devemos exigir muito de nós mesmos, nem nos comparar com os outros.
Bom fim de semana!
Jovem Jornalista
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Até mais, Emerson Garcia
Michelly Santos
Também estou bem mais feliz levando minhas leituras de forma mais leve. Como falei, gosto de metas,mas às vezes precisamos relaxar! 🙂
Beijos, Kelly!
Kelly Oliveira
Oi Michelly!
Já passei por algo parecido em relação as minhas leituras por mais de uma vez. Atualmente não me atrevo a me impor metas literárias, de jeito nenhum! Isso só me engessou. O que estou fazendo é só manter o foco para ler aquilo que realmente me interessa e é importante para mim AGORA – estou bem mais feliz.
Gostei do seu texto, da sua sinceridade. Bjs