Resenhas

O Cavaleiro dos Sete Reinos

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Ao lançar As Crônicas de Gelo e Fogo, George R. R. Martin apresentou aos leitores um mundo complexo e realista onde grande parte da história se passa num continente chamado Westeros. E foi lá também que o autor ambientou os três contos que fazem parte da coletânea O Cavaleiro dos Sete Reinos, publicado pela LeYa numa edição belíssima de capa dura e toda ilustrada.
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As três histórias têm como personagens principais Dunk, um escudeiro que se autointitulou cavaleiro, passando a se chamar Sor Duncan, o Alto; e Egg, um garotinho petulante que insiste em se tornar o escudeiro de Dunk. Pela voz de um narrador onisciente, acompanhamos fatos que se passam durante o reinado dos Targaryen, cerca de cem anos antes de A Guerra dos Tronos.
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O primeiro conto é O Cavaleiro Andante (1998) e nos mostra o início da jornada da improvável dupla formada por Dunk e Egg. O garoto encontra o cavaleiro a caminho de um torneio em Vaufreixo, onde Duncan tem planos de ganhar algumas justas para conseguir dinheiro. Porém as coisas saem do controle quando ele se envolve em uma briga com um dos príncipes Targaryen.
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Já a segunda história, A Espada Juramentada (2003), se passa mais de um ano depois da aventura narrada no conto anterior. Egg agora é oficialmente o escudeiro de Sor Duncan e eles estão prestando serviços à Sor Eustace Osgrey, um lorde de uma pequena propriedade. Quando Osgrey se envolve numa disputa territorial com uma Lady conhecida como Viúva Vermelha, caberá a Dunk resolver o problema.
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Por fim, O Cavaleiro Misterioso (2010), último dos três contos, dá mais um salto temporal de alguns anos para nos mostrar o que está acontecendo com os dois personagens principais. Na estrada eles encontram um grupo de viajantes se dirigindo a um casamento. Eis que Dunk e Egg acabam indo participar das festividades também mas o que eles não esperavam era que o enlace fosse apenas um pretexto para uma reunião perigosa, que pode custar a vida de todos ali.
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Esse livro pode, tranquilamente, ser lido por quem não teve contato com a saga de Gelo e Fogo, contudo, quem já está familiarizado com os Sete Reinos viverá emoções fortes ao se deparar com uma das histórias antigas mais famosas de Westeros: as Rebeliões Blackfire.
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De forma bastante resumida e só para situar quem não sabe ou não se lembra dessas rebeliões, elas foram disputas entre os filhos de Aegon, o Indigno. A Casa Blackfire é uma ramificação dos Targaryen, e tudo começou quando o rei deu a espada Blackfire à um de seus filhos ilegítimos, Damon. Não bastasse isso, Aegon, em seu leito de morte, também legitimou todos os seus bastardos – que não eram poucos. Assim, seus herdeiros se dividiram, passando os Blackfire a disputar o controle de Westeros com os Targaryen, o que ficou conhecido como as Rebeliões Blackfire.
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Todas aquelas características da escrita de Martin que encantam leitores do mundo inteiro estão presentes em O Cavaleiro dos Sete Reinos. Conspirações, mortes, paixões e humor são apenas alguns dos motivos pelos quais o leitor não consegue largar esse livro até finalizar os três contos. E como o texto é relativamente simples, fazemos isso rapidamente e terminamos com um gostinho de “quero mais”.
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Muitos dos personagens presentes ou citados são velhos conhecidos dos fãs das Crônicas. Entre eles estão Brynden Rivers, Baelor e Maekar Targaryen, Walder Frey, Açamargo e os próprios Dunk e Egg, os quais foram muito importantes na história de Westeros. Mas contar quem eles são seria revelar uma grande surpresa de O Cavaleiro dos Sete Reinos, portanto vocês terão que ler o livro caso queiram essa resposta.

Martin é realmente alguém que nasceu com o dom da escrita. Por mais que ele tenha se aperfeiçoado e estudado ao longo dos anos, seu talento natural fica nítido não só quando ele nos prende em suas histórias mas também quando nos aproxima dos personagens de forma que eles passam a existir dentro de nós. Tanto Dunk, com seu jeitão simplório e inocente, quanto Egg, inteligentíssimo e perspicaz apesar da pouca idade, conquistam o leitor que fica sedento por mais histórias da dupla.

Martin prometeu que escreverá mais sobre eles, mas também prometeu sete livros para As Crônicas de Gelo e Fogo, portanto vamos torcer para que ele consiga realizar tudo isso com uma velocidade um pouquinho maior do que tem feito.

A tradução dos contos ficou a cargo de Márcia Blasques, que também traduziu o quinto volume de Gelo e Fogo, depois da polêmica das traduções anteriores adaptadas do português de Portugal. Caso se interesse em saber o que houve nesse caso, o próprio tradutor das edições portuguesas explica aqui. Vale frisar que a maior parte das reclamações dizem respeito apenas ao primeiro volume da saga. E sim, Márcia traduziu tanto A Dança dos Dragões quanto O Cavaleiro dos Sete Reinos diretamente do inglês.

Narrando eventos do passado dos Sete Reinos, esses três contos representam, além de uma excelente leitura, uma forma de amenizar a ansiedade dos fãs das Crônicas. O único problema é que, depois de ler essas histórias você terá mais uma saudade pra sentir: a de Dunk e Egg.

Autor: George R. R. Martin
Editora: LeYa
Nota: 5/5

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