Resenhas

Macário | Noite na Taverna

10/07/2018 /
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Manuel Antônio Álvares de Azevedo nasceu em São Paulo no ano de 1831, vindo a falecer antes de completar 21 anos, em 1852. Apesar da pouca idade, o autor entrou para o rol de grandes autores da literatura brasileira, sendo um dos expoentes da 2ª geração da poesia romântica, chamada de ultrarromântica, mal do século ou byroniana.
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Mas o autor também produziu trabalhos importantes no teatro e no romance, ambos publicados postumamente e reunidos nessa pequena edição da editora Martin Claret. Pequena em tamanho e número de páginas, mas enorme na qualidade de seu conteúdo.
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No romance Noite na Taverna, publicado em 1855, Álvares de Azevedo nos conta a história de cinco jovens que estão confraternizando em uma taverna. Em meio a taças de vinhos, cada personagem conta uma experiência macabra do passado, passando por temas como necrofilia, assassinato, canibalismo, traição, abuso sexual e incesto.
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Os nomes dos personagens foram inspirados em romances românticos europeus e cada capítulo é narrado por um deles, o que faz parecer que estamos lendo contos dentro de um romance. Foi uma escolha muito particular, algo que demonstra a originalidade de Álvares de Azevedo, um autor que poderia ter produzido histórias ainda mais memoráveis caso não tivesse falecido tão precocemente.
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Interligando cada história em um final no mínimo surpreendente, a narrativa ainda presenteia o leitor com uma provocação sutil do autor: estariam os jovens embriagados demais para imaginar aquelas histórias ou tanta perversidade realmente aconteceu?
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A segunda obra do pequeno livro é Macário, uma peça de teatro publicada em 1852. A inspiração de Álvares de Azevedo nesse caso foi nada menos que um sonho que o autor teve com o diabo. A peça é dividida em duas partes, uma que narra uma viagem de estudos onde o personagem-título faz amizade com um desconhecido que parece conhecê-lo e outra onde, tempos mais tarde, esse desconhecido vai à sua procura.
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Todos os diálogos remetem a questões que eram caras ao autor, como o amor, a juventude e, em uma análise mais profunda, a forma como esses dois se relacionam, indo do sublime ao profano. Sendo uma das figuras mais importantes na lírica, a poesia não poderia ficar de fora, sendo também tema de discussão entre os personagens.
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Assim como em seu único romance, Álvares de Azevedo inovou em sua única peça, a qual não é dividida em atos como de costume. Toda a sua estrutura parece ter sido pensada nos leitores em detrimento aos telespectadores, ou seja, Macário provavelmente foi feita mais para ser lida do que para ser encenada.
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Nas duas obras apresentadas nesse volume uma característica é marcante: a melancolia. Como não poderia ser diferente, Azevedo mostra o porquê de ser considerado o grande nome da geração ultrarromântica ao introduzir a dúvida, o tédio, a orgia, a morte e o sofrimento como elementos de seus textos, claramente inspirados nos romances góticos ingleses do século XVIII, onde eram retratados personagens misteriosos, donzelas em perigo e paisagens sombrias, assim como ocorre em Noite na Taverna e Macário.
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A edição da Martin Claret é em formato de bolso, com páginas brancas, fonte apertada e margens quase inexistentes. Apesar de a obra de Álvares de Azevedo merecer um tratamento mais carinhoso, o ponto positivo desse livro é a presença de uma Apresentação que discorre sobre o autor, as obras e até sobre as características principais do Romantismo, escola literária em que essas histórias estão inseridas. Além disso, também há algumas questões de vestibulares a serem respondidas no final.
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A prosa e o teatro de Álvares de Azevedo são tão relevantes quanto sua poesia e merecem ser difundidas e valorizadas. Poucos autores demonstraram tamanha competência em tão pouco tempo, afinal, poucos anos de trabalho foram o suficiente para que esse autor ímpar marcasse seu nome na história como um dos gigantes da literatura brasileira.
Autor: Álvares de Azevedo
Editora: Martin Claret
Nota: 4/5

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