Um guia de Dostoiévski
Fiódor Mikháilovitch Dostoiévski nasceu em Moscou, em 30 de outubro de 1821, no hospital que seu pai, que era médico militar, trabalhava. Sua mãe faleceu vítima de tuberculose em 1837 e seu pai foi assassinado pelos seus próprios colonos em 1839.
Em agosto de 1843, Dostoiévski se forma na Escola de Engenharia e vai trabalhar no corpo de Engenharia Militar. Mas logo ele decide romper com o Exército para se dedicar integralmente à literatura. Sua primeira publicação não foi um texto autoral, mas sim a tradução de Eugénie Grandet, de Balzac.
É em 1845 que ele termina seu primeiro romance, Gente Pobre, o qual acaba sendo publicado apenas no ano seguinte, já estreando como um grande sucesso de crítica. Mas seu segundo romance, O Duplo, não conseguiu conquistar o mesmo prestígio logo em sua publicação, naquele mesmo ano.
Durante sua carreira, Dostoiévski escreveu vários contos, novelas e romances, mas sua própria vida foi digna de uma trama de ficção.
Em abril de 1849, o autor é preso acusado de conspirar pelo assassinato do tsar Nicolau I, e em novembro acaba sendo sentenciado à morte por fuzilamento. Contudo, no dia 22 de dezembro daquele mesmo ano, quando já estava em frente ao pelotão de fuzilamento, chega uma ordem para substituir a pena de morte pela de trabalhos forçados na Sibéria.
Ali, ele passa quatro anos na prisão de Omsk e mais cinco como soldado raso do Sétimo Batalhão siberiano, experiência retratada em Recordações da Casa dos Mortos.
É nesse período que ele conhece sua futura esposa, Maria Dmitrievna Issáieva, com quem se casa em 1857. Dostoiévski teve ainda outras duas mulheres importantes em sua vida, uma delas foi Apolinária Súslova, com quem teve um caso durante seu primeiro casamento; e Anna Grigórievna Snítkina, com quem se casou após a morte de Maria Dmitrievna.
Fiódor Dostoiévski morreu no dia 28 de janeiro de 1881, em São Petersburgo, vítima de uma hemorragia.
Hoje, o mestre russo tem sua obra reconhecida no mundo inteiro, sobretudo seus cinco grandes romances: Crime e Castigo (1866), O Idiota (1869), Os Demônios (1872), O Adolescente (1875) e Os Irmãos Karamazov (1879). Abaixo estão elencadas todas as suas obras publicadas no Brasil para que você não deixe passar a experiência de ler um dos maiores autores de todos os tempos.
Seja em ordem cronológica, seja escolhendo aleatoriamente, leia Dostoiévski! Você não vai se arrepender.
- 1846 – Gente Pobre
- 1846 – O Duplo
- 1847 – A Senhoria
- 1848 – Noites Brancas
- 1849 – Niétotchka Niezvânova
- 1849 – Um Pequeno Herói
- 1859 – A Aldeia de Stepántchikovo e seus Habitantes
- 1859 – O Sonho do Titio¹
- 1859 – O Sonho de Petersburgo em Verso e Prosa¹
- 1861 – Humilhados e Ofendidos
- 1862 – Recordações da Casa dos Mortos
- 1862 – Uma História Desagradável
- 1864 – Memórias do Subsolo
- 1865 – O Crocodilo
- 1866 – Crime e Castigo
- 1866 – Um Jogador
- 1869 – O Idiota
- 1870 – O Eterno Marido
- 1872 – Os Demônios
- 1873 – Bobók
- 1873 – Diários de um Escritor
- 1875 – O Adolescente
- 1876 – O Mujique Marei
- 1880 – Os Irmãos Karamazov
¹ Encontrados no livro Dois Sonhos, da Editora 34
Existe ainda a antologia Contos Reunidos, também publicada pela 34 que reúne mais de 30 histórias de Dostoiévski, entre contos, novelas e ensaios. O Crocodilo e Bobók estão nessa coletânea.
11 Comentários
Michelly Santos
Oi Nelson!
Também gosto de me aprofundar nas obras que leio, para isso busco sempre informações sobre o autor, o contexto histórico e também textos e livros de apoio. Só para citar dois exemplos aqui, um focado em Dostô, que é Caderno de Literatura e Cultura Russa; e um focado na literatura russa, que é Aulas de Literatura Russa: de Púchkin a Gorenstein.
Um abraço!
Nelson Figueira
Michelly, olá!
Comecei a ler Dostoiévski tem pouco tempo. Mas foi amor à primeira vista. Sabe quando você lê um autor e parece que ele escreve pra você? Tipo, diretamente pra você. É incrível! Estou apaixonado por Dostoiévski e quero conhecer cada vez mais a obra desse autor russo. Também gostei de Púchkin e Tchekhov. Mas aí é outra história. Estou lendo a biografia dele também (Joseph Frank) e isso tem me ajudado muito na tarefa de contextualização das obras dele.
Você pode me oferecer alguma dica com relação à obra de Dostoiévski? Algum adendo que se faça necessário? Eu não gosto apenas de ler o livro tal… Gosto de saber quando foi escrito, a razão de ter sido escrito, pra quem foi escrito, qual problema o autor visava confrontar ou qual sugestão ele queria oferecer aos seus leitores… Coisas assim.
Desde já agradeço, primeiramente pelo site que está recheado de coisas boas. De agora em diante vou sempre passar por aqui. E agradeço também pela maneira como você trabalha para nos proporcionar incentivo. O trabalho que você faz é altruísta por si só. Só quem entende a importância da literatura pode assumir um ofício desse tipo.
E, por último mas não menos importante, obrigado pelo soneto de Vinícius de Moraes no final da página. Foi o primeiro soneto que arrebatou meus sentidos.
Thiago
Que legal ver gente que gosta do mesmo que eu, eu li crime e castigo e os irmãos caramozov, do tolstoy ana Karienina e guerra e paz, e de Gogol almas mortas. Estava vendo um seriado sobre a vida do dosto e vim procurar a cronologia da obra! Curti seu artigo.
Michelly Santos
Oi Thiago! Você é sempre muito bem-vindo aqui! Não conheço esse seriado, vou correndo procurar!
Antônio Vicente
👏👏👏👏👏 Arretado.
Raphael Maitam
Boa noite, Michelly! Minha primeira vez no site.
Muito obrigado pelo artigo, Comecei a ler Dosto e apesar de não ter uma forma exata para ler suas obras, fiquei muito feliz em achar a ordem de publicação dele afinal estou me guiando pelos livros da Editora 34. Obrigado novamente
Michelly Santos
Seja bem-vindo, Raphael!
Fico feliz que o post tenha sido útil pra você!
Qualquer sugestão, estou aqui!
Marcos Silva
Olá Michelly,
Terminei de ler meu primeiro romance de Dostoiévski, Crime e Castigo, e gostei muito.
Vou aproveitar a sua lista pra conhecer melhor a obra dele.
Parabéns pelo trabalho.
Abs,
Michelly Santos
Crime e Castigo é um dos meus livros preferidos da vida! Espero que sua jornada através das histórias de Dostô seja deliciosa!
RUDIMAR BARONCELLO
Oi Milly,
Adivinha quem nunca leu Dostoiévski, euu!
Quero muito concertar isso, também quero ler mais Gógol (do qual sóli O Capote) e Tolstói (que além de A Confissão, li uns poucos contos) tudo que li dos russos eu gostei muito, mas meu autoboicote me impede de adentrar mais nessa literatura que sei que vou gostar… quem sabe um dia eu vença isso.
Grande abraço
Michelly Santos
Rudi, enquanto você nunca leu Dostô eu nunca li Tolstói. Mas esse ano resolvo isso, em julho lerei Anna Karienina!