O Sinal dos Quatro
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Há algum tempo sem nenhum caso para desvendar, Sherlock Holmes está deprimido e tenta buscar algum consolo irracional através da cocaína. Watson está incomodado o com péssimo hábito do detetive e decide intervir para que ele repense suas atitudes, quando uma jovem chamada Mary Morstan aparece precisando dos serviços de Holmes.
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O pai da moça desapareceu há 10 anos, quando voltou da Índia para reencontrar a filha em Londres. Depois de algum tempo do desaparecimento do pai, a srta. Morstan começou a receber pérolas muitos valiosas de um remetente misterioso, até que foi enviada uma carta marcando um encontro. A tal carta dizia que Mary poderia ir acompanhada de dois amigos, desde que eles não fossem da polícia. Assim, ela recorre à Sherlock para que ele e Watson a auxiliem nessa empreitada.
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O diferencial desse segundo romance trazendo o detetive como personagem principal é que o crime vai sendo resolvido aos poucos durante a narrativa, sem que o foco fique no mistério em si mas sim na aventura para capturar os culpados.
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Conan Doyle, mais uma vez de forma magistral, traz elementos bastante interessantes, como a participação de um personagem de perna de pau e tesouros perdidos, dando um delicioso aspecto de histórias de piratas para essa trama. Outro fator relevante é que o autor insere um nativo das Ilhas Andamão, um povo envolto em lendas, conhecidos pela violência com que recebem seus raros visitantes. A descrição desse personagem beira à fantasia, se é que não ultrapassa essa linha, contudo, se ainda hoje temos poucas informações desses povos, imagina em 1890, quando O Sinal dos Quatro foi escrito. Título que, inclusive, também já foi traduzido no Brasil como O Signo dos Quatro.
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Esse também se diferencia do primeiro caso de Sherlock por ter um elemento romântico incluído no enredo. Obviamente não é nada envolvendo suspiros ou frases apaixonadas, o que podemos inferir à partir de uma breve análise do estilo do autor, mas começa a se formar, aqui, uma relação que tem tudo para ser duradoura. A introdução desse elemento foi essencial para trazer uma certa doçura à obra, que, até então, se mostrava excessivamente masculina.
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Dentre outros questionamentos que podemos fazer durante a leitura, marcam o texto a questão do conceito de honra no século XIX, o qual demonstra uma sociedade mais cavalheiresca e com noções mais rígidas sobre certo e errado; e também a menção à dependência química de Sherlock.
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A tradução do texto feita por Branca de Villa-Flor manteve as características de Arthur Conan Doyle, algo de extrema importância e que deve ser levado em consideração. O romance O Sinal dos Quatro é a segunda história do primeiro volume do box Sherlock Holmes, editado pela Harper Collins. Páginas amareladas e uma fonte de tamanho confortável reforçam os motivos para que os leitores embarquem em mais essa aventura do detetive mais famoso do mundo. Façam isso, vocês não vão se arrepender.
Autor: Arthur Conan Doyle
Editora: Harper Collins
Nota:4/5
2 Comentários
Michelly Santos
Oi Isabelle!
A experiência de ler em ordem cronológica está sendo incrível! Tô fazendo isso com os romances de Machado de Assis também.
Ainda não vi a adaptação de Sherlock pq dizem que eles misturam as histórias, e como tem algumas que ainda não li, não quero spoilers. Mas assim que terminar minha saga com os livros do detetive, parto pras adaptações!
Beijos!
Isabelle Brum
Olá 😀
Está aí outro romance sobre Sherlock que quero muito ler; mas pretendo fazer como você e ler na ordem (ou seja, ler primeiro "Um estudo em vermelho")
Ah, adorei que alguns elementos que você citou sobre este romance estão presentes na adaptação da BBC (que eu AMO!), o que mostra o cuidado que tiveram ao adaptar os livros do Conan Doyle (tão bom quando isso acontece).
Parabéns pela resenha e obrigada pela dica de leitura <3