8 livros fora da caixa

Pensar fora da caixa significa pensar livre das amarras convencionais, dando espaço para que a criatividade seja desenvolvida, e alguns escritores criaram obras que se encaixam perfeitamente nesse conceito – mesmo que ele só viesse a existir anos depois de muitos deles.

Hoje vou indicar algumas obras que surpreendem justamente por saírem do lugar comum, seja no quesito técnico de escrita, seja com decisões corajosas ao longo da narrativa. Vale dizer que são todos livros incríveis e super indicados, portanto mesmo que sejam leituras as quais você não está acostumado, se arrisque e saia da caixa também.

1. Assombro, Chuck Palahniuk

O primeiro da lista é um livro fora da caixa em todos os sentidos. Primeiro, como o próprio subtítulo já diz, é um romance composto de histórias. Essas histórias, na verdade, são contos escritos por cada um dos personagens onde eles explicam a origem de seus apelidos. Sim, eles são identificados pelos apelidos, um mais estranho que o outro. A trama gira em torno de um grupo de escritores que topam ir para um retiro literário onde terão que permanecer por 3 meses. E as coisas que acontecem nesse retiro são completamente fora da caixa, assim como a coragem do autor de ter escrito algo tão bizarro e absurdo como esse livro.

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2. Solaris, Stanislaw Lem

Quando pensamos em ficção científica logo vem à nossa mente naves espaciais, mundos e criaturas estranhas e muita ciência, mas o que Stanislaw Lem nos apresenta em Solaris é um enredo introspectivo e misterioso, com um ritmo bem menos acelerado do que o esperado. Ou seja, totalmente livre das amarras convencionais do gênero. Apesar de ter também incluído em seu enredo todas as obviedades do gênero, tudo fica em segundo plano para dar espaço a um protagonista inimaginável. É um livro de ficção científica, com certeza, mas posso afirmar que a estrela da obra é o drama e as reflexões que esse drama propõe.

3. A Senhora de Wildfell Hall, Anne Brontë

Um livro escrito no século XIX, por uma mulher e que fala de divórcio. Fora da caixa, concorda? Na verdade, considero todas as irmãs Brontë bastante vanguardistas em suas obras, mas Anne alcançou um outro patamar ao desenvolver uma narrativa que coloca a mulher como protagonista de sua própria história, tomando uma atitude extremamente repreensível na sociedade em que a autora viveu e onde se passa a trama. Além disso, o livro se utiliza de cartas e diários para narrar os acontecimentos, trazendo também uma diferenciação na forma com que é apresentado. Ou seja, imperdível.

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4. A Revolução dos Bichos, George Orwell

Graças à repressão stalinista, George Orwell foi obrigado a pensar fora da caixa para fazer uma crítica ao comunismo. Assim, ele teve a brilhante ideia de disfarçá-la de fábula, criando um roman à clef que ainda hoje é uma das mais aclamadas obras da literatura. Através da figura de animais, o autor mostra as falhas de um sistema e a hipocrisia de seus líderes de uma forma que todos vão, no mínimo, refletir. O livro é tão curtinho e com uma linguagem tão acessível que não tem desculpa, vá ler agora mesmo!

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5. Admirável Mundo Novo, Aldous Huxley

Enquanto outras distopias da época (tão boas quanto) se preocupavam em descrever o domínio de um governo totalitário através da dor, Aldous Huxley descreveu os mesmos ditadores governando pelo prazer. E ele quase consegue nos convencer de que aquela sociedade seria um lugar bom de se viver, afinal, quem não gostaria de eliminar todo o sofrimento, inclusive o causado pela morte? Mas aos poucos o leitor vai percebendo que esse mundo não é tão cor de rosa e assim percebemos que até o prazer em excesso pode destruir uma sociedade. Excelente reflexão para esses tempos permissivos que vivemos, não é?

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6. A Morte em Veneza, Thomas Mann

Em 1912 Thomas Mann lança um livro que fala abertamente sobre sexualidade, não de uma forma erótica e vulgar mas através de um texto lírico e filosófico. Contudo, essa novela não está aqui apenas porque traz um protagonista homossexual quando isso não era aceito pela sociedade, mas  sim porque Mann não faz da homossexualidade o tema central da narrativa mas apenas a utiliza para uma reflexão profunda – e até prolixa – sobre o belo. Logo, ele saiu da caixa para falar de um tema tabu e saiu novamente ao não focar no tema em si, o que era esperado. Essa é uma obra de extrema elegância e bom gosto, a qual define o autor como o artista singular que era.

7. As Crônicas de Gelo e Fogo, George R.R. Martin

Vai ter spoiler dos grandes sobre essaobra, então se você não conhece a trama do primeiro título da série As Crônicas de Gelo e Fogo ou da série da HBO, Game of Thrones, fuja para as montanhas! Ou pode só pular pro próximo livro da lista… Então vamos lá: que tal uma série onde o protagonista morre no primeiro livro? Quando o leitor se depara com essa situação, percebe que não estamos diante de uma saga de fantasia da qual sairemos imunes. Aliás, essa é uma história de fantasia mas que é muito mais focada na política, o que também é algo importante a se dizer. Fato é que a história de Martin elevou o nível de exigência dos leitores que agora esperam de outros autores a mesma coragem e impiedade do criador de Jon e Daenerys.

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8. Memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis

Por fim, não poderia deixar de falar sobre o maior brasileiro de todos os tempos – pelo menos na opinião da fã inveterada aqui. Seria Brás Cubas um autor defunto ou um defunto autor? E como se não bastasse ter um defunto autor – pois essa é a resposta à questão proposta, segundo o próprio Machado -, Memórias Póstumas ainda inovou num sentido importantíssimo para a literatura brasileira: essa foi a obra que fundou o Realismo no Brasil. Sério, leitor, se você nunca leu Machado de Assis ou ainda tem aquele ranço da escola, abra seu coração e mergulhe logo nas obras desse mestre.

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