5 nacionais para todos os gostos

O Mais Uma Página surgiu com o principal objetivo de incentivar a leitura em um país onde a média de livros lidos por pessoa é de apenas 4 ao ano. Portanto, não importa se você prefere YA, clássicos, policial, romance romântico, HQ, ou qualquer outra leitura, todas são válidas. Claro que a complexidade e as mensagens que você pode extrair de cada uma delas é diferente, assim como é importante procurar evoluir enquanto leitor da mesma forma que procuramos evoluir na vida. Mas em um país onde a maioria não lê, espalhar preconceitos contra livros é trabalhar contra nosso próprio povo.

Veja mais sobre esse assunto no artigo “Vale ler qualquer coisa?”

Outro aspecto importante quando falamos de incentivo à leitura, é conhecermos aquilo que se lê. Quando temos a mínima noção do contexto histórico e das características do período em que uma obra foi escrita, extraímos o melhor dela. Ler, por si só, é maravilhoso, mas tente aperfeiçoar a leitura estudando um pouco sobre literatura: fica ainda melhor!

Para isso, desenvolvemos aqui no site o projeto Literatura Descomplicada, o qual visa esclarecer pontos-chave da teoria literária de forma resumida e fácil, sendo a literatura brasileira nosso primeiro foco. Já estamos chegando ao final das nossas escolas literárias e em breve expandiremos nossos horizontes, e para celebrar, vamos incentivar a leitura de obras nacionais!

Saiba mais sobre o projeto Literatura Descomplicada

Muitas vezes, a resistência que temos com relação à literatura brasileira vem da escola, quando somos obrigados a ler livros complexos que talvez não sejam os mais adequados para crianças de 12 anos. Mas, acredite, a literatura brasileira é rica, linda e deliciosa, além de falar nossa língua, sem intermediários, e bem do nosso jeitinho. Portanto, as indicações de hoje são livros nacionais para todos os gostos. Com certeza, você vai encontrar algum que é a sua cara…

1. Helena, Machado de Assis

Não tem como falar de literatura brasileira sem falar de Machado de Assis. Mas quando mencionamos o autor, sempre lembramos de suas obras realistas, que são as mais famosas também pelo fato dele ter sido o responsável por inaugurar essa escola com a publicação de Memórias Póstumas. Entretanto, Machado também escreveu 4 romances maravilhosos durante o Romantismo, e é justamente um deles que indico a você: Helena.

Saiba mais sobre Machado de Assis

A história acompanha a personagem-título, filha bastarda de um figurão carioca que, após a morte do pai, vai morar na casa da família e se apaixona pelo próprio irmão. Novelão, né? Só que não. A competência do autor transparece num texto envolvente que foge de clichês ao mesmo tempo que faz críticas à sociedade do século XIX. Simplesmente imperdível.

Preconceito por Machado? Leia o artigo “Quem tem medo dos clássicos?”

2. Fios de Prata, Raphael Draccon

Tudo bem, você não quer começar por Machado (só não desiste dele de vez, ok?!), então que tal ler uma fantasia nacional escrita por um dos jovens escritores brasileiros mais promissores desse gênero? Fios de Prata é, como o próprio subtítulo enuncia, uma reconstrução de Sandman. Contudo, a obra não deve ser considerada uma releitura do clássico de Neil Gaiman, mas sim uma nova visão sobre a mitologia dos sonhos.

Na narrativa de Draccon, o personagem principal está disposto a ir ao inferno em busca do amor de uma mulher, tendo como pano de fundo uma guerra entre deuses. O autor também é o responsável pela trilogia Dragões de Éter, muito famosa entre os fãs de fantasia no Brasil.

3. Sal, Leticia Wierzchowski

Se você quer ler literatura nacional mas não está no clima de grandes clássicos ou de fantasia, por que não arriscar um romance contemporâneo? Nesse caso, o livro indicado é Sal, de Leticia Wierzchowski. Apesar do nome complicado, Leticia é brasileira, nascida no Rio Grande do Sul e autora de uma das grandes sagas familiares brasileiras: A Casa das Sete Mulheres.

Em Sal, acompanhamos as dores e surpresas da família Godoy através de uma narrativa poética de pouco mais de 200 páginas. O livro é dividido em três partes. A primeira narrada por uma mulher chamada Flora, a segunda por Tiberius e a terceira reúne pontos de vista de vários personagens. Essa é uma leitura mais lenta e que exige a atenção do leitor para desvendar cada pormenor do texto, característica de uma autora que alguns consideram a versão feminina de Erico Verissimo (que também está na nossa lista).

4. Treze, Duda Falcão

Ainda não se interessou por nenhum? Talvez você seja da turma do terror então. Para isso, tenho aqui um livro de contos no melhor estilo weird. Treze homenageia as histórias de terror antigas trazendo como protagonistas feiticeiros e monstros clássicos como vampiros e demônios. Numa linguagem simples e misturando estilos, essa é uma leitura rápida e que permite ao leitor, além do entretenimento, conhecer um autor que desponta no cenário de horror da literatura nacional.

Veja mais sobre literatura de terror

Uma dica a mais é: preste atenção durante a leitura para tentar perceber as influências de Duda. Poe, Lovecraft e Robert E. Howard (criador de Conan, o Bárbaro) são algumas dessas inspirações, como não poderia deixar de ser.

5. O Continente, Erico Verissimo

A última indicação de hoje é uma mistura de vários estilos. Primeiro, é um clássico, porém mais recente que as obras de Machado. Também é uma saga familiar, assim como Sal, mas aqui estamos falando quase de um épico. E é nacional, que é o que realmente importa nessa seleção.

Escrito por um dos autores mais renomados da literatura brasileira, O Continente é o primeiro volume de O Tempo e o Vento, série que narra a história do Rio Grande do Sul através da família Terra Cambará. Não há muito o que se falar desse romance além de que ele apresenta personagens memoráveis e uma escrita exemplar, o que o transforma numa leitura quase obrigatória para os brasileiros que amam literatura.

A edição da foto abarca os volumes 1 e 2, mas também existe uma publicação no Brasil que separa os volumes.

Pronto. Agora é só escolher qual dessas obras se encaixa melhor no seu gosto e mergulhar de cabeça na literatura nacional. Viva a cultura brasileira! Viva o Brasil!