10 autoras para ler no Dia das Mulheres (e em todos os outros dias)
Você já deve ter ouvido a história do incêndio que matou 130 operárias de uma fábrica de Nova Iorque, em 1911, o que se popularizou como a motivação da criação do Dia Internacional da Mulher. Mas, apesar de ter sido um momento importante para a luta feminina, esse não foi o surgimento da data, que já era comemorada desde 1908, ou seja, 3 anos antes da tragédia. A oficialização como 8 de março veio apenas em 1921, depois de muitas manifestações mundo afora.
Esse dia serve como um símbolo para chamar a atenção da sociedade contra qualquer tipo de abuso à integridade física e aos direitos das mulheres, além de salientar as conquistas já obtidas, como o direito ao voto, por exemplo. Infelizmente, muitas culturas ainda subjugam as mulheres e impedem que seus direitos sejam reconhecidos.
No Afeganistão, por exemplo, elas são proibidas de exercer várias profissões, inclusive cargos políticos. Além disso, se por um lado não há pena para o estupro no país, por outro são comuns penas cruéis para elas, como o apedrejamento. Já o Irã tem uma constituição baseada nos códigos morais do islamismo, o qual prevê tratamentos muito diferentes para homens e mulheres.
Há países que, hoje, praticamente institucionalizaram o estupro, como é o caso da Coreia do Norte e da República Democrática do Congo, enquanto cerca de 27 países africanos admitem a prática da mutilação genital feminina, o que também acontece em vários locais da Ásia e do Oriente Médio.
Enfim, não faltam exemplos de abusos cometidos contra as mulheres no mundo de hoje, mas dia 8 de março está aí para nos lembrar de que a luta feminina ainda precisa ir além e conquistar espaços como os citados acima, onde muitas vezes não ousamos ir ou até mesmo ignoramos conscientemente.
Com o intuito de lutar contra essa violência disfarçada de cultura e também para homenagear a todas as mulheres leitoras que acompanham o MUP, a lista de hoje traz a indicação de 10 autoras maravilhosas que você – homem ou mulher – precisa conhecer.
1. Jane Austen
Parte integrante do cânone britânico, nascida no século XVIII, Jane Austen foi a responsável pelo primeiro impulso à modernidade do romance inglês. Suas obras focam em temas cotidianos e personagens típicos da época em que foram escritos, mas não deixam de lado a ironia e a observação crítica das pessoas comuns e de suas relações. Quem desdenha das histórias de Austen classificando-as como “água-com-açúcar” com certeza não as conhece ou não foi capaz ainda de ler as entrelinhas de seu texto.
2. Mary Shelley
O que esperar de uma mulher nascida na Inglaterra em 1797? Se sua respostas foi: um dos maiores clássicos da literatura mundial, acertou. Mary Shelley teve a sorte de nascer numa família que valorizava a arte e o conhecimento, mas não foi por sorte que ela escreveu um livro visionário, que tratava de avanços da medicina ainda pouquíssimos explorados e mergulhou na alma humana – ou na discussão sobre a existência dela – como ninguém conseguiu fazer novamente até hoje.
3. Letícia Wierzchowski
A brasileira nascida em Porto Alegre no ano de 1972, é a responsável pelo bem-sucedido A Casa das Sete Mulheres, romance que foi adaptado para uma minissérie. Mas a obra dela se estende para outros 16 romances, além de 2 continuações para sua obra mais famosa. Letícia escreve de uma forma muito poética, trabalhando bem o lado psicológico dos personagens e trazendo uma leveza surpreende para histórias bastante duras.
4. Tess Gerritsen
Tess é uma estadunidense que abriu mão da medicina para ser escritora de romances, a maioria policiais, capazes de nos prender do início ao fim. Suas histórias são do tipo que a curiosidade exige que sejam devoradas em um só dia ou, pelo menos, o mais rápido possível. Os casos narrados nunca são óbvios ou solucionados de qualquer maneira, pelo contrário, a autora tem o cuidado de construir seu texto de forma a não deixar pontas soltas, o que é essencial para livros desse gênero mas nem sempre é o que acontece.
5. Margaret Atwood
Apesar de ter se popularizado em 2017, graças a adaptação de um de seus livros (O Conto da Aia), Atwood tem várias outras obras no currículo. Seu primeiro romance foi publicado em 1969, mas mesmo antes disso a canadense já havia publicado algumas poesias. Sua escrita é densa, cheia de recursos técnicos que comprovam sua competência profissional e suas narrativas são imbuídas de críticas sociais que nos fazem refletir sobre as motivações humanas.
6. Anne Brontë
A mais nova das Brontë permaneceu ofuscada pelas outras duas irmãs, Charlotte e Emily, por muito tempo. Entretanto, Anne é tão competente quanto elas e merece ser lembrada em qualquer lista que fale de mulheres impressionantes e à frente de seu tempo. A autora nos faz pensar sobre uma sociedade que relegava a mulher ao papel de coadjuvante em sua própria história, mesmo tendo vivido numa época onde as lutas femininas estavam apenas começando.
7. Sue Monk Kidd
Sue escreveu seu primeiro livro em 1988 (God’s Joyful Surprise, ainda não publicado no Brasil), sendo que o primeiro romance foi A Vida Secreta das Abelhas, adaptado para um filme belíssimo, o que se deve não só ao talento dos produtores mas principalmente à obra que serviu de base para o trabalho deles. Sua narrativa é simples mas emotiva, além de apresentar um importante trabalho de pesquisa histórica em alguns casos.
8. Clarice Lispector
O que falar de Clarice que ainda não foi dito? Apesar de ser reconhecida por todo leitor como aquela autora “tem-que-ler”, a ucraniana de nascimento e brasileira de coração merece a homenagem e a indicação nessa lista. Seus textos são introspectivos, subjetivos e buscam a reflexão tanto do personagem quanto do leitor sobre o âmago do ser humano. Tanto os romances quanto os contos deixam uma marca perene em nossa alma. Gostando ou não, quem lê Clarice, não a esquece.
9. Svetlana Aleksiévitch
Os documentários produzidos pela autora são de uma delicadeza imensa, sobretudo quando levamos em consideração a dramaticidade dos temas escolhidos por ela, que vão desde guerras a desastres biológicos. Svetlana foi laureada com o Prêmio Nobel de Literatura de 2015, o que chamou a atenção do mundo para a ucraniana. Suas obras caminham no limiar entre literatura e jornalismo, fugindo sempre do sensacionalismo e nos passando uma imagem real e, de certa forma, lírica, de grandes tragédias.
10. Philippa Gregory
A queniana radicada na Inglaterra desde os 2 anos é autora de ficções históricas que acompanham a formação política e social inglesa desde o século XV. Philippa é fascinada pelo período Tudor e já teve algumas de suas obras adaptadas para a TV. As narrativas da autora deixam claro o prodigioso trabalho de pesquisa feito por ela para compor seus romances, sendo que ainda demonstra uma incrível criatividade para preencher as lacunas deixadas pela História.
2 Comentários
Claris Ribeiro
Oi Michelly, tudo bem?
Que post incrível! Gostei muito das dicas de leitura, são escritoras incríveis mesmo! Eu amo o livro A Vida Secreta das Abelhas, comprei quando era mais nova ele sem ter ideia do que esperar da história e me apaixonei.
Obrigada pelo carinho. Volte sempre!
Um super beijo :*
Michelly Santos
Oi Claris!
Não li A Vida Secreta das Abelhas porque assisti ao filme antes, sem saber que era livro. Mas li outro da autora que se chama A Invenção das Asas e amei demais! Recomendo! 😉