Sobre as resenhas que não farei
Há alguns blogs que acompanho desde a primeira fase do MSL, sendo que um deles é o Hiattos, do meu amigo Rudi. Dia desses, ele falou numa resenha que não queria mais esperar tantos meses depois da leitura de um livro para comentá-lo, o que me chamou a atenção visto que eu havia acabado de desistir de escrever resenhas de livros que amei mas que, por já ter lido há um certo tempo, provavelmente não conseguiria passar minha opinião da forma que gostaria.
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Então queria conversar um pouco sobre isso com vocês.
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Cada um tem sua própria convicção sobre o que é uma boa resenha. Eu, particularmente, levo em consideração a correção gramatical do texto, comentários sobre a edição lida, coerência das críticas com o contexto histórico da época em que o livro foi escrito, informações importantes acerca do autor e o mínimo de spoilers possível.
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Acredito que um texto sem erros graves de português é o mínimo que se espera de quem se propõe a escrever num blog, principalmente se este for sobre literatura. É claro que todos estamos suscetíveis a erros e alguns são, sim, perdoáveis. O que não gosto, na verdade, é da falta de compromisso com aquilo que a pessoa se propõe, aqueles textos que, visivelmente, foram escritos de qualquer jeito, sem o menor carinho. Mais no lugar de mas; seje, esteje, menas; mim conjugando verbo. Esses são equívocos tão triviais que já é tempo de todos estarem atentos para não cometê-los.
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Com relação aos comentários acerca da edição, o que quero dizer é que acho importante mencionar quaisquer adições, além do texto principal, que estejam contidas na edição que o autor da resenha escolheu para ler. Introduções, prefácios, posfácios, obras comentadas, notas de rodapé, quem traduziu e se foi direto do idioma original ou não. Isso importa porque a resenha também serve de norte para que o leitor faça a escolha que mais lhe atende dentre as opções disponíveis no mercado.
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Outro ponto importante, e que me incomoda muito, é a relação entre as críticas feitas à obra com o contexto histórico da época em que ela foi escrita. Vejamos o caso de Drácula, onde uma das características que elevam a mulher é o fato dela pensar como um homem. Não vejo como um problema se alguém quiser destacar isso como característica de uma sociedade extremamente atrasada com relação à igualdade e ao valor da mulher, mas não acho que seja motivo, por exemplo, de dar uma nota menor ao livro por causa desse fato isolado. Na época em que Drácula começou a ser escrito, em 1889 (lançado, de fato, em 1897), esse era o pensamento comum. Pode não ser correto, mas era assim. Portanto não vejo como exigir de um autor do século XIX que ele pensasse como um contemporâneo nosso.
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Informações importantes sobre o autor do livro resenhado também são bem-vindas. Falo aqui de observações que vão desde prêmios conquistados até curiosidades que o influenciaram a escrever aquela obra.
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Por fim, prefiro as resenhas que evitam spoilers. Sei que, às vezes, é praticamente impossível falar de um livro sem revelar absolutamente nada da história, mas tem resenhista que exagera e abre todos os segredos. Sou do grupo dos que acreditam que o spoiler estraga a experiência, seja relativo a livros, filmes ou séries. Eu não gosto mesmo.
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Pois bem, falei tudo isso para esclarecer o porquê da minha decisão de não resenhar determinados livros como Crime e Castigo, Lolita, A Metamorfose, Jane Eyre e O Morro dos Ventos Uivantes, os quais amo loucamente. Li todos eles há um tempinho, portanto acredito que vários detalhes passariam despercebidos, e no final das contas sei que a resenha não teria tudo o que considero necessário e de forma alguma faria justiça à magnitude dessas obras.
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Eu poderia até pesquisar novamente sobre elas, reler alguns trechos, mas a emoção de ter finalizado uma obra que te impactou estaria perdida. Até tentei fazer isso, mas não fiquei satisfeita com o resultado e decidi não resenhá-los. Mais pra frente pretendo fazer uma lista de meus livros preferidos (ou coisa assim), então falo um pouco sobre eles.
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O que me motivou a bater esse dedo de prosa com vocês foi o fato de que, entendendo que esse blog é um espelho meu enquanto leitora, gostaria muito que meus livros preferidos fossem resenhados por aqui. Mas cheguei à conclusão de que é melhor viver com essa frustração do que escrever um texto que não vai passar tudo o que eu gostaria sobre obras tão importantes para mim.
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Agora, também gostaria muito de saber a opinião de vocês sobre tudo o que falei. O que vocês consideram uma boa resenha? Resenhar ou não livros lidos há algum tempo? Me contem. Tenho certeza que vocês têm muito a acrescentar à essas minhas reflexões.
8 Comentários
Michelly Santos
Oi Leila!
Tb não sei o que acontece comigo pq, mesmo tendo a história clara na minha cabeça, se eu deixo passar mt tempo parece que crio um bloqueio e não consigo fazer uma resenha que eu considere aceitável… hehe
Sobre a falta de revisão, pois é, parece que a pessoa escreveu e jogou o texto lá de qualquer jeito, né?!
Beijos!
Leila
Também não consigo resenhar livros que li há algum tempo. Se não resenhar logo depois de ler, parece que não consigo mais. Também acho os erros de digitação e de ortografia imperdoáveis em uma resenha, mostra que a pessoa nem se deu ao trabalho de revisar o texto.
https://meuslivrosesonhos.blogspot.com.br/
Michelly Santos
Oi Jason!
Entendo bem esse seu bloqueio. Muitas vezes eu falo toda empolgada sobre um livro que acabei de ler e na hora de escrever custa a sair alguma coisa.
Também pretendo fazer a releitura dos meus livros preferidos pra postar resenha aqui. Alguns eu até tenho resenhas prontas já, que salvei da primeira fase do blog. Talvez poste elas algum dia. 🙂
Obrigada pelo elogio!
Beijos!
Jason Bertinelli
Ola,
Olha que apesar de eu ficar reclamando de revisão de livros eu tenho uma certa preguiça de revisar os meus posts, alguns eu acabo nem revisando, o que é errado eu sei, mas estou trabalhando nisso. Eu ainda estou experimentando qual a forma que eu mais gosto de fazer meus comentários sobre o livro, já tentei ir por vários caminhos e só recentemente em uma resenha de It que cheguei perto de algo que queria fazer, mas acredito que com um pouco mais de treino consigo chegar la.
Um dos meus problemas em resenhar é justamente o fato que as vezes eu tenho um bloqueio, eu outro dia passei uma hora comentando sobre It com uma amiga, os pontos que amei, o que odiei, sobre o filme, e quando cheguei ao blog para escrever tive um bloqueio e não conseguia passar para o papel tudo o que tinha dito na conversa.
Compartilho com você essa recusa a fazer resenhas sobre livros lidos a algum tempo, dos meus livros favoritos que não tem resenha no blog pretendo resenhá-los somente quando fizer uma releitura, ai poderei ate mesmo debater sobre as diferenças entre minha primeira e a segunda experiencia.
Ótimo post como sempre.
xoxo
Michelly Santos
Oi Rudi!
Sempre que passo no seu blog tenho alguma ideia pra fazer um post, sabia?! kkkkkkk
Pra ser bem sincera, muitas vezes nem eu consigo seguir tudo à risca de vez em quando. Nas resenhas de literatura fantástica, por exemplo, acabo preferindo passar mais informações sobre o enredo do que falar sobre a edição, tanto porque nesses casos os livros nem costumam trazer muitos extras como nas edições de clássicos, por exemplo.
Obviamente não quis ditar nenhuma regra, só contei o que eu considero uma resenha completa, mas tb não sou tão crítica assim! hehe
Sobre resenhar livros que li há algum tempo, por mais que eu tenha gostado e que a história esteja vívida em minha mente, eu nunca fico satisfeita com o que escrevo. Cada vez que releio, lembro de um novo detalhe ou de algum comentário que deixei de fazer, então prefiro escrever a resenha (ou opinião, ou comentário…) logo depois de ter acabado a leitura. Funciona melhor assim pra mim. 🙂
Beijos!
Rudi
Oi Milly,
Concordo com você quando fala sobre o que uma resenha deve ter, por isso chamo minhas postagens de opiniões, eu mesmo não considero resenhas, e realmente, uma coisa que me irrita bastante é erros grotescos de revisão, e isso é algo que não gravamos muito tempo na memória.
Particularmente acho que tudo é relativo, alguns livros se mantém bastante vívidos na nossa cabeça mesmo depois de um tempo, alguns por outro lado tem seus detalhes esquecidos depois de menos de uma semana. Ainda existem alguns do meu período de hiato sobre os quais quero falar e acho que consigo, outros quero falar mas não me acho capaz, outros ainda nem tenho intenção de comentar.
Adorei seu texto, bastante sucinto e nos faz pensar em que ponto podemos melhorar
Grande abraço!!
Michelly Santos
Oi Kelly!
A opinião sincera realmente é muito importante, eu deveria ter citado isso! Até acho complicado resenhar ou ler resenhas de livros de parceria porque sempre fica aquele mal estar de criticar algo que foi cedido à você, muitas vezes com todo o carinho (como no caso do próprio autor te enviar seu livro). Mesmo assim eu, particularmente, sempre sou sincera pois os leitores do blog tb não merecem ser enganados, né?
Sobre a classificação dos livros acho importante, mais uma vez, a sinceridade do leitor. Se pra vc Frankenstein foi um livro 3 estrelas, então tudo bem! O que não acho justo é ler nas resenhas várias críticas por algum posicionamento ou costume retrógrado que não faz sentido hoje em dia mas fazia na época em que o livro foi escrito. Acho que os livros deveriam ser analisados levando em consideração o contexto em que foram escritos, e não olhando o passado com os olhos do presente.
Não sei se me fiz entender, mas enfim, é só uma opinião minha mesmo! hehe
Obrigada por compartilhar suas impressões comigo!
Beijos!
PS: eu tinha citado no texto o livro Frankenstein, e acho que foi por isso que vc comentou dele. Mas agora, relendo o post, vi que cometi um equívoco. O livro que eu pretendia citar ali era Drácula! Já corrigi lá.
Kelly Oliveira
Olá Michelly,
Gostei da discussão…
Em resposta a sua pergunta, o que busco em uma resenha em primeiro lugar é a opinião sincera do blogueiro. Sempre desconfio de blogs que só elogiam as obras… tudo lindo, maravilhoso, incrível, impressionante… eu gosto de saber os pontos positivos e negativos, bem como da experiência de leitura em si – se foi difícil ler aquele livro, se foi fácil, os sentimentos que despertaram, se foi marcante…
Também me incomodo demais com erros de português e falta de coerência. Escrever não é fácil, mas temos que tentar melhorar.
Foi legal ler o seu ponto de vista e perceber como as informações acerca das edições são importantes para você. Eu quase não me importo com isso, pois sou uma leitora apaixonada pelo Kindle. Quanto estou curiosa por alguma edição (e vou comprar o livro físico), pesquiso no YouTube, geralmente o pessoal mostra esses detalhes.
*Quando eu vejo que a pessoa exagera nos spoilers paro de ler seus textos hahaha.
*Uma vez até pensei em parar de classificar os livros (3 estrelas, 4 estrelas..), pois é complicado isso. As minhas avaliações são feitas a partir do meu envolvimento com a leitura naquele momento… as vezes elas até mudam com releituras (Eu sou uma que dei 3 estrelas para Frankenstein, rsrsrs)
Por último (já falei demais) também deixo de compartilhar minhas impressões de alguns clássicos por não conseguir escrever algo que esteja à altura deles (Crime e Castigo, Confissões de Agostinho, Norte e Sul…)
Abs.