Resenhas

1984

Winston Smith vive na Oceania, uma das três nações existentes no futurístico ano de 1984. Bom, pelo menos era futurístico em 1948, ano em que o livro foi finalizado (sendo publicado em 1949). O lugar é controlado pelo Partido, uma organização política totalitarista que tem como líder a figura emblemática do Grande Irmão. A vida da população é observada em absolutamente todos os lugares, através de teletelas. O governo, por sua vez, reprime qualquer manifestação de pensamento que vá de encontro às atitudes do Partido.

Acontece que Winston não está satisfeito com a vida que leva, o que o deixa inquieto e provoca questionamentos que podem lhe custar muito caro. Seu espírito libertário se torna ainda mais aguçado quando ele conhece, e se apaixona, por Júlia. Os dois passam a viver um tórrido caso de amor, mas o Grande Irmão está de olho e dificilmente irá vai perdoar essa afronta.
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Junte um enredo interessante, com uma narrativa magistral e personagens extremamente realistas. O resultado será 1984.
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Porém, acima da obra está o autor. George Orwell conquistou meu respeito e admiração de maneira inquestionável ao apresentar um dos textos mais inteligentes com o qual me deparei. Uma das coisas que mais impressiona sobre essa obra é que, apesar de ter sido escrito há quase 70 anos, sua história continua sendo atual, e tudo indica que assim será por muito tempo. As críticas feitas à sociedade daquela época se encaixam perfeitamente hoje em dia.
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Somos vigiados dia e noite, seja pela ação de governos que espionam não só a sua vida como também outras nações; seja por nossa própria vontade, quando divulgamos todos os nossos passos nas redes sociais. Aliás, seriam essas nossas teletelas?
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Dentre outros paralelos que podemos traçar, estão as tentativas de manipulação que sofremos todos os dias, como no caso da mídia tendenciosa, a qual impõe seu pensamento à população como se esse fosse o único e o correto. O mais triste é que, muitas vezes, esse tipo de imprensa consegue direcionar o pensamento das pessoas para onde eles querem. Manipulação pura, assim como, guardadas as devidas proporções, Winston era obrigado a fazer, reescrevendo a história dos livros e jornais, modificando os fatos de acordo com os interesses do Grande Irmão.
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Outro ponto em comum é o fato de que, assim como o Partido, os maus governantes fazem de tudo para coibir o desenvolvimento do raciocínio crítico da população e usam a doutrinação ideológica como uma forma de controle social. Essa situação foi retratada por Orwell no seu Dois Minutos do Ódio, quando as pessoas gritam e ofendem um inimigo que eles nem sabem se existe, ou se realmente é o verdadeiro algoz da história. Trazendo a questão para a atualidade, obviamente, o fato de não haver investimento em educação não é simplesmente uma questão de verbas, tendo em vista que uma população bem educada estaria atenta aos desmandos de políticos corruptos e falaciosos.
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Também estão entre os pontos-chave do texto a teoria proposta sobre o processo de luta pelo poder envolvendo os altos, médios e baixos; e a construção da narrativa ambientada no quarto 101. A história de Orwell, como um todo, desencadeia discussões sobre questões profundas do ser humano, muitas das quais só um livro dessa grandeza pode nos fazer refletir.
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No mais, fica o ensinamento de que 2 + 2 = 4. E nada muda isso.
Autor: George Orwell
Editora: Companhia das Letras
Nota: 5/5

8 Comentários

  • Michelly Santos

    Oi Jason!
    Acho que todo mundo tem aquele autor, ou aquele livro, que não leu até hoje e não sabe o porquê. O meu é o Tolstói! :/ Mas esse ano vou resolver isso, quem sabe vc tb se joga no Orwell aí! hehe
    Os livros dele realmente permanecem atuais e é uma ótima oportunidade para refletirmos sobre nossa sociedade.
    Ainda não li A Máquina do Tempo, mas está na minha lista de futuras leituras! 🙂
    Beijos!

  • Tony Lucas

    Oi, Michelly! Tudo bem? Menina! Eu sou doido para ler esse livro! Doido mesmo. A premissa é ótima e toda crítica é positiva. Espero lê-lo algum dia! 🙂

    Abraço

    tonylucasblog.blogspot.com

  • Jason Bertinelli

    Ola,
    Eu tenho muita vergonha de não ter lido Orwell até hoje, é um autor que eu tenho certeza que vou gostar e não sei o por que fico protelando a leitura.
    Alguns autores, como ele, conseguem escrever livros que permanecem relevantes por décadas, como você mesmo citou, recentemente li 'A Máquina do Tempo' do Wells que me surpreendeu em como a história tem uma critica social que serve para os dias de hoje, e o livro foi escrito no final de 1800.
    xoxo

    Planeta 94

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